Desarticulações Emocionais
- Colunas
- 11/01/2018
- 14 min
- 2.052
Por Jane Maiolo
“Quem és tu senhor?”[1]
Entre os anos 750 e 730 a.C, aproximadamente, Isaías, considerado pelos pais da igreja, o maior de todos os profetas, desponta com as suas divinas previsões. É Isaias quem primeiramente antevê a vinda D’aquele que iria alterar a trajetória e a cronologia da histórica humana, o Cristo.
Anuncia o profeta: “Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.” [2]
Zacarias registra: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele é justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta.” [3]
Miqueias anota: “Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” [4]
Emmanuel, orientador espiritual de Francisco Candido Xavier, no livro O Consolador , questão 276 , elucida que “nos textos sagrados das fontes divinas do Cristianismo, as previsões e predições se efetuaram sob a ação direta do Senhor, pois só Ele poderia conhecer bastante os corações, as fraquezas e as necessidades dos seus rebeldes tutelados, para sondar com precisão as estradas do futuro, sob a misericórdia e a sabedoria de Deus.”[5]
Há 750 a.C. era anunciada a vinda do Cristo. Há dois mil anos o Governador espiritual do orbe, sob os auspícios do Pai, nasce cumprindo toda a programação elaborada por Ele mesmo a fim de lecionar o amor incondicional aos homens terrenos.
A humanidade se inquieta. Desconjunta-se.
A criatura humana sempre admitiu, concebeu e desejou a existência de um ser superior, dotado de poderes que pudesse livrá-la das teias do mal e trazer um mundo vindouro.
O homem do século XXI é o mesmo ser das mais remotas civilizações apenas com milênios de experiências acumuladas no capítulo do progresso intelectual, moral e material. Ora protagonista de experiências que o elevam, que o transformam, que o educam, ora protagonista ou coadjuvante de cenas sofríveis, perturbadoras e desarticuladoras.
As desarticulações emocionais fazem parte do processo de crescimento socio-psíquico e emocional do homem. Nossos estados íntimos alteram-se ao ritmo dos nosso humores. Nessas polivalências emotivas somos capazes de arriscar a própria vida em favor de alguém ou alguma causa, para logo em seguida ingressarmos ao estado de intranquilidade sintonizando-nos com o mal. A coragem e a covardia são estados súbitos da alma.
“Quem és tu senhor?” –interrogaria Saulo de Tarso há dois mil anos , ele um destacado rabino ,vanguardeiro da lei, dos escritos e dos profetas , foi surpreendido com o fenômeno da luminescência naquele dia de sol abrasador nos acessos que conduziam a Damasco.
“Tú es o Filho do Deus Vivo” – exclamaria Pedro. O pescador que conviveu com o mestre por três breves anos.
Coragem e covardia. Devotamento e receio. Entusiasmo e abatimento.
Quem és tu senhor?
Ainda não conseguimos compreender quem é esse Ser que nos serve de modelo e guia [6] que não nos pede nada e nos ensina tudo. Que fala sem palavras e indica sem constranger.
Quem és tu senhor?
Passam-se os milênios e não somos capazes de responder essa indagação. Entretanto tal qual o senador Públio Lentulus ainda clamamos: “Não sei compreender a tua cruz e ainda não sei aceitar a tua humildade dentro da minha sinceridade de homem, mas, se podes ver a enormidade de minhas chagas, vem socorrer, ainda uma vez, meu coração miserável e infeliz!…”[7]
Preciso é desvendar o Cristo para nos convertermos em trabalho de edificação no bem. O momento requer trabalhadores afinados com o propósito de renovação pelo qual a comunidade terrestre avança.
O homem saberá quem é o Cristo quando suas ações diminuírem as dores, as aflições e o sofrimentos dos seus semelhantes.
Articulemos nossos sentimentos sintonizando-os com o pensamento crístico que convida a todos a servir sem exigir reconhecimento.
Quem és tu , Senhor? E disse o Senhor ao moço de Tarso: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. [8]
Permita Jesus que possamos atingir os fins a que nos propomos, apresentando condições de convertemos ao seu amor e participar do movimento crescente de esperança no mundo vindouro.
Referências Bibliográficas:
1-Atos 9:5
2-Isaias 7:14
3- Zacarias 9:9
4-Miqueias 5:2
5-Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, questão 276, RJ: Ed. FEB 2000.
6- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 625- Rio de Janeiro: Ed FEB, 2007
7- XAVIER, Francisco Cândido. Há dois mil anos ,cap. V, ditado pelo Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2001
8-Idem 1