O Mecanismo da Mediunidade
- Colunas
- 16/05/2020
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Na definição de Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, cap. XIV,
“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades quantas são as espécies de manifestações”.
O Insigne Codificador observa, na mesma obra citada, agora no cap. XIX:
“Salvo algumas exceções, o médium exprime o pensamento dos Espíritos pelos meios mecânicos que lhes estão à disposição e a expressão desse pensamento pode e deve mesmo, as mais das vezes, ressentir-se da imperfeição de tais meios”.
Do exposto acima facilmente se conclui que todos estamos sujeitos às influências espirituais, e que o conceito “mediunidade” se aplica aqueles que buscam fazer uso dela conscientemente.
Como não existem dois espíritos em iguais condições, nem encarnados, nem desencarnados , a mediunidade torna-se particular a cada um que a ostenta, e os resultados nunca serão idênticos em dois médiuns. Isto significa que cada um de nós possui a sua “própria”mediunidade, ou seja, o mecanismo da mediunidade é pessoal e por isso deve ser tradado conforme as características pessoais daquele que a detém, e deve ser desenvolvida, melhor dizendo, educada, no melhor sentido da palavra, santamente, conforme nos alerta Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVI:
“A mediunidade não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade”.
E acrescenta no cap. XXVIII de O Livro dos Médiuns:
“…a mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os bons Espíritos se afastam de quem pretenda fazer dela um degrau para chegar ao que quer que seja, que não corresponda às vistas da Providência”.
Assim sendo, o melhor uso da mediunidade será aquele que produzir maior bem, seja para encarnados, seja para desencarnados.
Arrematamos o presente ensaio com as palavras do Benfeitor André Luiz, constantes do seu preâmbulo no livro Mecanismos da Mediunidade, ditado por ele à a Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira:
“…burilemos, por nossa vez, a mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, que revive a Doutrina de Jesus, no reconhecimento de que não basta a observação dos fatos em si, mas também que se fazem indispensáveis a disciplina e a iluminação dos ingredientes morais que os constituem, a fim de que se tornem ‘fatores de aprimoramento e felicidade, a benefício da criatura em trânsito para a realidade maior”.
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro.