Levantar os Olhos

Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br

Levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa (João, 4:35).

Em momentos difíceis, dolorosos e incertos, em que o barco da existência está longe do porto seguro e ameaça soçobrar, o mais recomendável é apegar-se ao evangelho.

Torna-se de todo oportuno recorrer ao sábio Emmanuel, fiel exegeta das palavras de Jesus, que, diante das crises, parafraseando o evangelista João, recomenda:

Há que levantar os olhos e devassar zonas mais altas.

Lembra-nos que a vida não se resume às preocupações com a nutrição e à continuidade da espécie, mas requisita o serviço de iluminação espiritual.

Note, amigo leitor, que Emmanuel não se refere especificamente à religião — seja qual for a crença adotada por cada indivíduo —, mas à sua espiritualização.

Aqui se compreende a preocupação com o semelhante, colocando-se, tanto quanto possível, em seu lugar, avaliando as agruras por que está passando, procurando minimizá-las.

A felicidade é possível, mas a paz e a grandeza divina são tesouros reservados para os que se comportam como autênticos filhos de Deus.

Adverte, no entanto:

É indispensável erguer os olhos, elevar o entendimento e santificar os raciocínios.

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Valérium, no livro Bem-Aventurados os Simples, ilustra o momento difícil na vida do homem com a narrativa de uma árvore generosa.

Os famintos e exaustos buscam-lhe os frutos. Os desvairados atiram-lhe pedras, espancam-na com varas, sacodem seus galhos, sufocam as flores e ferem-lhe o tronco.

Mesmo assim, a árvore continua doando, mesmo àqueles que a maltratam.

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Na estrada da existência em que vivemos, também somos objeto de exigências, pedras de ingratidão, varadas de injúrias, provas e expiações características do estado evolutivo do nosso planeta.

Atendamos ao conselho de Emmanuel! Elevemos os olhos e o entendimento e santifiquemos o raciocínio.

Façamos como a árvore à beira da estrada, relevando os agressores e compreendendo o atrito das lixas grossas do caminho.

Eles não sabem o que fazem!

Jesus, quando esteve entre nós, doou os frutos do seu esforço e legou à humanidade a maior mensagem de todos os tempos.

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Encerremos com Emmanuel:

Irmão muito amado, que te conservas sob a divina árvore da vida, não te fixes tão-somente nos frutos da oportunidade perdida…

Não te encarceres no campo inferior a contemplar tristezas, fracassos, desenganos!

Olha para o alto!

Se as raízes ainda se demoram presas ao solo, os ramos vicejantes, cheios de frutos substanciosos, avançam no infinito, na direção dos Céus.

 

Referências: Vinha de Luz, Emmanuel; Bem-Aventurados os Simples, Valérium.