Insondáveis Caminhos da Cura
- Colunas
- 16/04/2021
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Sidney Fernandes
Desde a tenra infância, Marilda sofria desmaios. Eletroencefalograma e tratamentos neurológicos indicaram medicamentos anticonvulsivos, que atenuaram, mas não curaram as crises epiléticas.
Durante as descargas das células nervosas, Marilda tinha visões, transes e uma espécie de alucinação. Via cenas que não gostava de lembrar após os desmaios, tamanho o horror que lhe causavam.
Ao começar a frequentar a universidade, os desfalecimentos continuaram. Até que uma das colegas de classe, Lucila, de alma boa, condoída pela situação difícil da amiga, em um de seus momentos de plena lucidez lhe propôs tratamento alternativo. Frequentadora de centro espírita, achava que talvez o auxílio espiritual pudesse ajudar a amiga.
Ao entrar na casa espírita, Maria ficou surpresa e respirou aliviada. Era local despojado, limpo, iluminado, sem imagens ou rituais. Enquanto aguardava sua vez de passar pelo atendimento fraterno, ouviu uma palestra que falava de Jesus, Deus e Amor. Haviam lhe falado que ali havia ligações com o diabo.
— Onde estava o diabo? — perguntava a si mesma.
Aurora, a atendente do serviço fraterno, lhe disse:
— Minha filha. Vamos colocar o seu nome em nossas vibrações. Hoje, ao deitar, faça sua oração habitual e peça ajuda àqueles em que você acredita. Volte a frequentar a sua igreja e leve a sério a sua religião. Lucila, sua amiga, já habituada com os nossos recursos de ajuda, lhe dará notícias.
Marilda, que esperava por algum sermão de conversão para o Espiritismo e que, ao contrário, foi estimulada a retomar suas atividades religiosas, saiu do centro espírita agradecida, acompanhada da amiga.
Na primeira comunicação da noite, manifestou-se um espírito agressivo, que se disse responsável pelos ataques desferidos contra Marilda.
— Em minha mais recente encarnação — começou o espírito —, essa moça acabou com a minha vida. Estou apenas buscando justiça.
Embora a princípio intransigente, o comunicante foi convencido de que estava acorrentado à sua vítima pelas correntes do seu ódio. Persuadido, capitulou e entregou suas mágoas nas mãos de Deus.
Na manhã do dia seguinte, Marilda telefonou para a amiga Lucila. Não sabia o que havia ocorrido, mas aquela fora uma das melhores noites de sono que tinha tido em sua vida. Sentia-se leve, feliz e confiante. Nunca mais desmaiou!
***
A medicina terrestre, no futuro, poderá fazer muito mais pelas criaturas humanas, se ampliar seus horizontes e passar a levar em conta não somente as causas físicas, mas também as causas espirituais das enfermidades. Esperamos que os novos pesquisadores deem sequência aos passos que, neste século, a ciência humana já começou a trilhar, na busca dos insondáveis caminhos da cura.