Um raio X do Planeta Terra
- Colunas
- 07/08/2023
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No início do ano 2000 a ONU – Organização das Nações Unidas produziu um documento intitulado “Nós, os Povos”, assinado por Kofi A. Annan, então Secretário Geral, onde analisa o seu papel no século XXI, e identifica os novos desafios que se apresentam para o planeta e a sociedade humana.
Permitimo-nos transcrever o trecho do documento, em que faz uma comparação muito interessante sobre a condição de vida dos habitantes do planeta, reduzindo, para efeito didático, a população atual de mais de sete bilhões para apenas mil pessoas:
“Mas quem somos nós, os povos? E quais são as nossas preocupações comuns?
Imaginemos por um momento que o mundo é verdadeiramente uma «aldeia global», conforme diz a metáfora que serve muitas vezes para descrever a interdependência planetária. Suponhamos que essa aldeia tem 1000 habitantes, com todas as características da raça humana moderna, distribuída exatamente de acordo com as mesmas proporções. Com que se pareceria essa aldeia? Quais seriam os seus grandes desafios?
Cerca de 150 habitantes residem no bairro opulento da aldeia e uns 780 vivem nos bairros pobres. Um outro grupo de 70 pessoas vive num bairro em transição.
O rendimento médio por pessoa eleva-se a 6000 dólares por ano e há mais famílias com um rendimento médio do que havia no passado. Mas 200 pessoas possuem 86% do conjunto das riquezas, enquanto perto de metade dos aldeões sobrevive penosamente com menos de 2 dólares por dia.
Os homens são ligeiramente mais numerosos do que as mulheres, mas estas constituem a maioria das pessoas que vivem na pobreza. A alfabetização dos adultos progrediu, mas isso não impede que cerca de 220 aldeões – dois terços dos quais são mulheres – sejam analfabetos. Dos 390 habitantes com menos de 20 anos, três quartos vivem nos bairros pobres e muitos procuram desesperadamente um emprego que não existe. Menos de 60 pessoas possuem um computador e apenas 24 têm acesso à Internet. Mais de metade nunca fez nem recebeu uma chamada telefônica.
A esperança de vida no bairro opulento é de cerca de 78 anos; nas zonas em desenvolvimento, é de 64 anos e, nos bairros mais pobres destas, é de apenas 52 anos. Em todos os casos, houve uma melhoria em relação às gerações anteriores.
Mas como é possível que os mais pobres tenham ficado tanto para trás? A razão é que nos seus bairros são muito mais frequentes as doenças infecciosas e a subnutrição, aliadas a uma falta notória de acesso a água salubre, saneamento, cuidados de saúde, habitação adequada, educação e emprego.
Não há nenhum meio garantido de manter a paz nessa aldeia. Alguns bairros são relativamente seguros, enquanto outros são assolados pela violência organizada.
Nos últimos anos, a aldeia sofreu cada vez mais catástrofes naturais ligadas às condições meteorológicas, nomeadamente tempestades imprevisíveis e violentas, bem como passagens bruscas de inundações para secas, ao mesmo tempo que a temperatura média subiu sensivelmente. Há provas crescentes de que existe uma relação entre essas duas tendências e de que o aquecimento está relacionado com o tipo e as quantidades de combustível que as famílias e as empresas utilizam. Por exemplo, as emissões de carbono, que são a principal causa de aquecimento, quadruplicaram no espaço de 50 anos. O nível do lençol freático está a descer rapidamente e os meios de subsistência de um sexto dos aldeões são ameaçados pela deterioração dos solos dos campos circundantes.
Quem dentre nós não se perguntaria quanto tempo uma aldeia nessa situação pode sobreviver, sem tomar medidas para assegurar que todos os seus habitantes possam viver ao abrigo da fome e da violência, possam beber água potável, respirar um ar saudável, sabendo que os seus filhos terão todas as oportunidades na vida?”
Há diversos ângulos passiveis de serem analisados, mas uma certeza sempre deverá se fazer presente, porque todas as condições acima descritas estão sob o olhar sempre atento do Senhor Jesus, Governador Espiritual da Terra, que empenhou Sua palavra para nós outros, dizendo que não nos deixaria órfãos, e que Ele iria nos preparar o lugar, sem nos esquecermos da Bem-aventurança que identifica os herdeiros da Terra como sendo os Mansos.
Evidentemente, tendo como ponto de partida a Lei Maior que sempre garantirá à cada um segundo as suas obras, teremos que nos conscientizar sobre nossas responsabilidades pessoais levando em conta nosso raio de ação.
Será necessário, portanto, nos perguntarmos: em quais condições estamos em relação à distribuição da população global, e o que temos feito com as possibilidades depositadas em nossas mãos? Já fazemos parte do grupo de mansos que herdarão a Terra? Ou pelo menos já estamos a caminho de tal conquista?
Estamos todos circunscritos nas parábolas dos Talentos e dos Trabalhadores da Última Hora, e o que temos feito para ajudar o Senhor Jesus em Seu trabalho “administrativo” para melhorar o mundo?
A hora é agora, e mais do que nunca nos compete perguntar, parafraseando Saulo de Tarso, que viria se tornar o grande apóstolo dos Gentios: Senhor, que queres que eu faça?
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro
Nota do editor:
Imagem em destaque disponível em: https://www.google.com.br/search?q=fotos+da+terra&biw=1280&bih=676&tbm=isch&source=lnt&tbs=isz:ex,iszw:640,iszh:480 – Acesso em 22/09/2015.
Originally posted 2015-09-22 20:42:42.