A Divina Mensagem de Jesus

Sidney Fernandes

Raros seguiam o Cristo pela excelência de seus princípios. Faziam-no pela dor e pela curiosidade em torno de seus feitos. Essa procura do maravilhoso marcou o convívio dos homens com Jesus. Multidões procuravam o taumaturgo, o operador de milagres, e raros enxergavam o mestre por excelência. Já naquela época as almas ignoravam, como infelizmente ocorre nos dias de hoje, que a maravilha maior seria a aceitação e a prática de seus princípios redentores.

Vejamos este texto de Irmão X, contido no livro Contos e Apólogos, psicografia de Chico Xavier, que aqui transcrevemos resumidamente.

O bendito aguilhão

Atendendo interrogações de Simão Pedro, Jesus explicava, solícito, no agrupamento apostólico de Cafarnaum:

— Há sombras e moléstias por toda a parte, como se a existência na Terra fosse uma corrente de águas viciadas. É imperioso reconhecer, porém, que, se regenerarmos a fonte, aparece solução ao grande problema. Restaurado o espírito, em suas linhas de pureza, sublimam-se-lhe as manifestações.

Em face da pausa natural, Pedro interferiu:

— Compreendo que a Boa-Nova estenderá a felicidade sobre toda a Terra. No entanto, não concordas que as enfermidades são terríveis flagelos para a criatura? E se curássemos todas as doenças? Não acreditas que, assim, instalaríamos bases mais seguras ao Reino de Deus?

Filipe e outros companheiros apoiaram o plano de proteção integral aos sofredores. Louvando a piedade dos apóstolos, Jesus comunicou que, no dia imediato, a título de experiência, todos os enfermos seriam curados antes da pregação.

No outro dia, acompanhado pelos apóstolos, impôs suas milagrosas mãos sobre todos os doentes. Mais de cem pessoas foram curadas e deixaram o anterior abatimento para assumir expressão de júbilo. Tão logo recebiam as bênçãos de Jesus, Pedro formulava o convite fraterno para ouvirem a palavra da Mestre.

No entanto, para surpresa do apóstolo, tão logo beneficiados, afastavam-se céleres entre frases apressadas de agradecimento e desculpa.

Com a cura do último doente, para decepção dos discípulos, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze aprendizes. Desagradável silêncio baixou sobre a reduzida assembleia. Diante dos olhares de tristeza e desapontamento, o Cristo falou compassivo:

—  Pedro, aprenda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta. Sem o bendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da Terra para as culminâncias do paraíso.

***

Amigos leitores, devemos esperar pela dor ou pela doença para seguir e praticar a Divina Mensagem de Jesus?