A Fecundidade de Allan Kardec e as Contaminações Doutrinárias – Por Jane Maiolo
- Colunas
- 11/01/2020
- 15 min
- 388
Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores(…). Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. (Salmos 1:1-3)¹
Hippolyte León Denizard Rivail nasceu em Lyon, na França, a 3 de outubro de 1804. O discípulo de Henri Pestalozzi, o eminente educador suíço, era dotado de uma inteligência incomum e destacado por seu marcante e inconfundível “bom senso”. Temperamento inquiridor, o mestre de Lyon, sempre conservou em sua mente intrigantes questões acerca da filosofia, ciência, religião, astronomia, magnetismo dentre outras vertentes.
Questões intrigantes como – “de onde viemos?” “Para onde vamos? ” “Por que estamos na Terra? ” “Por que sofremos?” Foram paulatinamente fertilizando a mente aguçada de Rivail. As respostas lúcidas a esses legítimos questionamentos chegariam, sob os auspícios do Espírito de Verdade, em tempo oportuno.
O sobrenatural foi sendo desconfigurado e os fenômenos desconhecidos entrariam na ordem dos fatos naturais marcando o início de uma nova e esperançosa era, “a era do Espírito”.
A fecundidade intelectual de Allan Kardec penetrava em pleno vigor no século XIX. Século este assinalado pela perspectiva econômica, político, social e cultural advindas das Revoluções Industrial e Francesa. As ideias materialistas eram hegemônicas, entretanto o discurso espiritualista ia se fortalecendo e arejando o pensamento de alguns homens da sociedade parisiense, que se achava confusa, sem norte e sem fé.
O intercâmbio constante entre os dois mundos: o físico e o espiritual, o amparo da plêiade do Espírito de Verdade dariam vida a uma obra capaz de regenerar o pensamento da humanidade.
O notável codificador do Espiritismo trabalhou por 14 anos consecutivos para produzir entre os idos de 1855 e 1869 o fruto mais consistente de sua existência: a Doutrina dos Espíritos.
Conquanto Hippolyte León Denizard Rivail e Amélie Gabrielle Boudet não tivessem filhos biológicos deram alento a uma ciência que foi capaz de oferecer laços de interação entre encarnados e desencarnados com o propósito de soerguê-los à condição de seres dispostos a abraçarem os estudos, os esclarecimentos e a consolação.
Não restaria dúvida alguma quanto à extensão desse movimento fecundo e metafísico, capaz de oferecer ferramentais de transformação social e moral da Terra sob o efeito da fé raciocinada e apoiada nos soberanos princípios do amor.
O clássico “movimento espírita” de procedência exclusiva dos encarnados , se avigora para disseminar as instruções doutrinárias , porém, paira ente os espíritas a infestação de agentes nocivos provindos, em boa parte , das mentes e corações dos “espíritas” imaturos , deslumbrados e titubeantes.
Sabemos que os agentes etiopatogênicos agridem o nosso organismo e causam constante infecções, muitas vezes, de difícil percepção no seu estágio inicial. Os microrganismos invadem as células, se hospedam e se reproduzem no seu interior. O mais impressionante é agilidade desses microrganismos em alterar a própria estrutura e a estrutura de um organismo maior. Às vezes a ação é tão insidiosa, invasiva ao ponto de levar à falência múltipla inúmeras células.
Comparando o chamado “movimento espírita” como um grande organismo vivo , necessário se faz desenvolver anticorpos e estruturas de defesa com relação às infecções que podem deteriorar todo órgão. Infecções doutrinárias onde se expõe a falta de coerência, a ausência do bom senso, as mistificações, as idolatrias, e as extravagantes aventuras mediúnicas.
Sabemos, porém, que o antídoto mais eficaz é o estudo, o diálogo, o esclarecimento e a humildade. Entretanto, tal qual as doenças causadas por vírus, que têm um ciclo de iniciar e acabar, essa onda de inercias e infecções haverão de passar.
Permaneçamos otimistas nas diretrizes que a Doutrina Espírita tem para nos oferecer e saibamos nos vacinar, de tempos em tempos, com a oportunidade de estudo, esclarecimento, consolo , humildade e muito trabalho. Conforme a mensagem acalentadora de Bittencourt Sampaio contida na obra “Instruções Psicofônicas” – Cristo continua no leme da nossa embarcação.[²]
Façamos a assepsia mental e o cuidado com as células preciosas que tendem a renovar a mentalidade do homem contemporâneo. O legado fecundo de Allan Kardec continua a produzir os frutos capazes de saciar os homens combalidos, frágeis e psiquicamente instáveis. Além de sustentar espiritualmente os demais que assim o desejam.
Tenhamos zelo pela Doutrina dos Espíritos.
Preciosa a contribuição do salmista “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.”
Imunizemos nossas mentes e prossigamos sob o abono da humildade com o ânimo inexaurível de estudar as obras codificadas por Allan Kardec.
Referência bibliográfica:
- Salmos 1:1-3
- Xavier, Francisco Candido- Instruções Psicofônicas- cap. 64- 10ª Edição- Brasilia –FEB 2013