A Prática do Bem como Ferramenta para a Evolução

“O homem, por sua vontade e ações, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?
– Pode, desde que esse desvio aparente caiba na ordem geral da vida que escolheu. Depois, para fazer o bem, como é seu dever e único objetivo da vida, ele pode impedir o mal, especialmente aquele que poderia contribuir para um mal maior.” (1)

Analisando o questionamento feito por Allan Kardec e a resposta dada pelos espíritos podemos deduzir que:

1 – O Livre Arbítrio, poder de escolha do ser inteligente, obedece a uma hierarquia onde a condição de espírito errante se impõe a de encarnado, no tocante a elaboração e vivência do planejamento reencarnatório, que visa a evolução moral do mesmo;

2 – Existe uma flexibilidade no planejamento reencarnatório, deixando-nos claro a presença da misericórdia Divina, ao permitir alterações em nossas vidas. Lembremo-nos da orientação do Senhor Jesus: Pede e se vos dará; (2)

3 – A prática do Bem é a única solução para o espírito adquirir o progresso moral.

Raciocinemos diante desta última dedução. Se quisermos mudar nossas vidas para melhor, evitando acontecimentos menos felizes, será necessário mudar a forma de pensar e agir, desenvolvendo a vontade, quase sempre vacilante, sempre para o bem.

A nossa preocupação maior deveria ser o aproveitamento de cada oportunidade que se apresenta para fazermos o bem, instante a instante, das pequenas ações e favores do cotidiano a ações mais avantajadas rumo ao socorro e desenvolvimento de nossos espíritos e da dignidade humana.

Como nossas ações interferem, direta ou indiretamente, na vida das pessoas – o próximo – a reflexão antes da concretização se faz necessária para que possamos ter como resultado o bem estar nosso e alheio. É o que nos garante a lei de ação e reação.

Inserindo “por sua vontade e ações” no questionamento, o Codificador deixa claro que o espírito é o único responsável pela sua própria situação, e que a inércia, a lamentação, o desculpismo e as acusações quanto ao estado de sua vida são mecanismos ineficazes diante das situações, ao contrário, são complicadores ainda maiores, em função da mesma lei de ação e reação, uma vez que somos responsáveis pelo mal que praticamos e pelo bem que deixamos de fazer. (3)

Podemos concluir então que, se não estamos satisfeitos com o estado de nossas vidas, ou tememos a “cobrança” do passado, o único caminho a tomar é mudar os valores íntimos, desenvolver a vontade e agir. Mas agir no bem, constante e sistematicamente, disciplinadamente, condicionando-nos a servir naturalmente de forma que o volume das boas ações, desinteressadas, possa se sobrepor aos erros do passado, fortalecendo, aliviando e tranquilizando nossas consciências, que proporcionará, por sua vez, o estado de felicidade íntima que tanto buscamos.

Pensemos nisso.

Antonio Carlos Navarro

(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. J. Herculano Pires. 67ª ed. São Paulo: LAKE, 2010. Q. 860.
(2) Dias, Haroldo Dutra. O Novo testamento, 1ª ed. Brasília: Conselho Espírita Internacional, 2010. Mt 7:7;
(3) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. J. Herculano Pires. 67ª ed. São Paulo: LAKE, 2010. Q. 642.

Originally posted 2019-12-06 06:12:30.