A Quem Interessa A Mistificação Da Mediunidade?
- Doutrina Espirita
- 05/08/2021
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Ora, senhores… Não há interpretação espírita da Mediunidade sem ou fora de Allan Kardec. É impossível entender o FENÔMENO MEDIÚNICO (que Crookes bem conceituou como “O Fenômeno Espírita”, em um belo clássico da nossa literatura temática) sem acatar as judiciosas observações do Codificador, que concebeu uma sistemática e uma metodologia capaz de entender o processo, afastar a mistificação, a idolatria, a submissão e a introdução de conceitos bem estranhos em relação aos princípios espíritas.
Precisa ser explicado para eles que COMPLEMENTAR não pode, sob qualquer hipótese ou pretexto, CONTRARIAR o que foi estatuído em Kardec – a não ser que, sob criteriosa pesquisa, investigação e seleção de escritos mediúnicos – algo relevante e novo possa ser agregado ao “edifício espírita”, não sem a chancela da generalidade.
Se há a liberdade de pensar – e, dela decorrente, a de escrever, no tocante aos que editam ou publicam obras psicografadas – nada substitui o critério de observação, juízo, seleção e entendimento doutrinário. E quem faz isso? Poucos, muito poucos.
Lembramos um trecho contido no laboratório kardeciano, a Revue Spirite (dezembro, 1858): “Como opor-se a um fenômeno que não tem tempo nem lugar prediletos; que pode produzir-se em toda parte, em todas as famílias, na intimidade, no mais absoluto segredo, ainda melhor do que em público? O meio de prevenir os inconvenientes nós o fornecemos em nossa Instrução Prática: Torná-lo de tal modo compreendido que nele apenas se veja um fenômeno natural, mesmo no que apresenta de mais extraordinário”.
Se o fenômeno é natural e ocorre todos os dias – independentemente do local tido como “sagrado” pelos espíritas, o “centro” e que não precisa de qualquer ritualística ou adereços, nem está condicionado à autoridade “mundana” de dirigentes ou pretensos especialistas – NÃO se quer dizer, com isso, que TUDO O QUE VEM DOS ESPÍRITOS DEVA SER TIDO COMO VERDADE. Muito pelo contrário.
Um bordão que foi destacado por Kardec em suas obras (32 no total) é o de que a condição de desencarnado não torna ninguém, sábio e que nós, após a vida física, todos, continuamos sendo o que fomos em vida. E, não raro, permanecemos envoltos nos mesmos interesses e conhecimentos, até que tenhamos outras oportunidades de ampliação, pelo estudo, pela experiência, pela conduta, pelas vivências em provas e expiações, nossos horizontes. Não é o “brilho” da assinatura, a “adjetivação” do cargo ou da função que ocuparam em vida, a “vinculação” ao movimento espírita ou às religiões em geral, na última existência conhecida, que o Espíritos (desencarnado que se manifesta) será reconhecido como pontual e agregador, em termos de conhecimento, ao Espiritismo.
Natural é a Mediunidade e deve ser compromisso igualmente natural de todo espírita estudioso e interessado avaliar cada parágrafo, cada artigo, cada texto, cada livro que lhe chegue em mãos, evitando, na singela e oportuna lembrança de um dito atribuído ao Mestre dos Mestres, Yeshua, nos caracterizarmos, infelizmente, como os cegos que são guiados por outros cegos.
É hora, definitivamente, de expulsarmos a trave de nossos olhos, que tem sistematicamente impedido que muitos espíritas enxerguem além!
Fonte: Portal Casa Espírita Nova Era