Anatomia Da Dor

Sidney Fernandes

SÓCRATES

Sócrates e as doenças

Sócrates, filósofo grego, revolucionou o pensamento ocidental. Entendia que, se os médicos eram malsucedidos, era porque tratavam apenas do corpo, sem tratar do espírito.

O sábio referia-se às dores e às doenças que se fixam em nosso perispírito, por atitudes negativas desta vida ou de vidas anteriores.

Reportava-se também às decorrentes da somatização, quando ocorrem sintomas físicos provocados por abalos emocionais ou psíquicos. Nosso corpo se expressa pela somatização. Emoções, como o medo, preocupações, desemprego ou tristezas originadas de separações e mortes quase sempre são acompanhadas por dores de cabeça, alteração dos batimentos cardíacos, distensões musculares e outros sintomas e enfermidades.

Provavelmente, o filósofo também referia-se aos transtornos da hipocondria, conhecida popularmente como mania de doença, provocada pela busca intensa de enfermidades imaginárias, que se alternam, em razão de obsessiva preocupação com a saúde.

Diga-se de passagem que hipocondríacos geralmente são vítimas da obsessão simples, por atraírem espíritos com os mesmos supostos sintomas, afinados magneticamente com o encarnado que se julga doente.

A metáfora de Sócrates 

Ao falar da composição do ser humano, Sócrates nos ofereceu a curiosa metáfora da carroça, da parelha e do cocheiro, contida no livro Fedro, possivelmente composto por volta de 370 a.C.

Disse o sábio que o indivíduo é constituído por uma carroça, puxada por uma parelha, que é conduzida por um cocheiro. Quando a carroça se avaria e não pode mais continuar a viagem, o condutor toma da parelha e continua apenas com ela.

Ele se reportava à carroça como sendo o nosso corpo material, enquanto os cavalos são os intermediários entre o pensamento e a vontade do cocheiro.

Com mais de 2200 anos de antecedência, a alegoria socrática antecipou o pensamento de Allan Kardec, ao afirmar que o ser encarnado é composto do espírito, do perispírito e de um corpo físico.

Com efeito, o Espiritismo nos traz a matriz do conhecimento do indivíduo, afirmando que o espírito está revestido de uma substância vaporosa para os nossos olhos, porém semimaterial aos olhos dos seres da espiritualidade.

A metáfora da parelha de Sócrates está em perfeita consonância com os ensinamentos do Espiritismo a respeito da constituição do ser e da sua continuidade na vida imortal.