Arrependimento
- Colunas
- 16/01/2021
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Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br
Se arrependimento matasse, eu precisaria de outra vida.
Zé Neto e Cristiano
Ildefonso era filho de Dona Malvina, senhora virtuosa e devotada à causa do bem. Inválido, preso ao leito, o jovem parecia um cordeiro, tão resignado se comportava diante da enfermidade.
Portadora de muitos méritos junto aos amigos espirituais, Dona Malvina pôs-se a orar e a interceder em favor de Ildefonso. Foi então que, do Alto, surgiu a ordem de reajuste físico do inválido.
Infelizmente, após a cura, a mãe generosa começou a desiludir-se com o filho. Certa noite, ao repudiar violentamente as repreensões maternas, Ildefonso agrediu a nobre genitora de forma covarde e rebelde. Foi então que Dona Malvina voltou a orar.
— Senhor de infinita bondade. Meu filho tornou-se um monstro. Modifica-lhe a rota desventurada. Faça-se a tua vontade, Senhor.
De repente, intensa luminosidade espiritual resplandeceu sobre aquela cabeça venerável, em forma de nova bênção do Alto. Para surpresa de todos, no dia seguinte Ildefonso acordou paralítico.
Dona Malvina chegou à conclusão de que o filho ainda não estava preparado para a cura. Talvez, se ela tivesse atentado para esta frase de Sócrates, filósofo grego, teria pensado melhor no assunto:
Se alguém te procurar em busca de saúde, pergunta-lhe primeiro se está disposto a evitar as causas da doença; em caso contrário, abstém-te de o ajudar.
Chico Xavier preparava-se para a sessão no Centro Espírita Luiz Gonzaga, quando um viajante perguntou:
— Que é bom para arrependimento?
Indicaram Chico como portador do remédio.
O Irmão viajante havia brigado com a esposa por motivos fúteis. Estava, portanto, arrependido e desejoso de um remédio. A leitura do Evangelho e a reunião no centro lhe foram recomendadas.
No fim, estava satisfeito. Ganhara o de que necessitava através do abraço do Chico e dos comentários da lição da noite, em que focou o assunto da cólera, fazendo-o compreender os seus malefícios.
Na manhã seguinte, seguiu para Belo Horizonte, onde residia. Chico teve o prazer de revê-lo, pois ele estava esperando-o para lhe apresentar sua esposa.
Ela foi dizendo a Chico:
— Meu esposo fez as pazes comigo, arrependeu-se do que me disse, em momento de raiva, e jamais nos sentimos tão felizes! No Evangelho Segundo o Espiritismo ganhou o remédio para o arrependimento, um roteiro novo para nossa vida no lar e fora do lar.
***
Jamais sofri mágoa que uma hora de leitura não tenha curado.
Esta frase de Charles de Secondat (Montesquieu), filósofo francês, foi perfeitamente completada pelo episódio vivenciado por Chico Xavier, que nos convida, todas as vezes que magoemos ou nos sintamos magoados, à reflexão, através do Evangelho de Jesus.
***
Fiquemos com Emmanuel:
O aluno que não se retira dos exercícios no alfabeto nunca penetra o luminoso domínio mental dos grandes mestres.
Que dizer do operário que somente visitasse a porta de sua oficina, louvando-lhe a grandeza, sem, contudo, dedicar-se ao trabalho que ela reclama? Existem milhares de crentes da Boa Nova nessa lastimável posição de estacionamento.
Evitemos, assim, a posição do aluno que estuda… e jamais se harmoniza com a lição, recordando também que se o arrependimento é útil, de quando em quando, o arrepender-se a toda hora é sinal de teimosia e viciação.
FONTES: Luz Acima, Irmão X; “Levanta-te! ”, Lindos Casos de Chico Xavier, Ramiro Gama; Fonte Viva, Emmanuel.