Asas da Felicidade

PARTE 1

Sidney Fernandes

O que viemos fazer neste mundo? Qual é a finalidade da existência humana?

Representantes de ordens filosóficas e religiosas responderão essas perguntas, cada um de per si, com elementos de suas crenças e convicções. Espíritas possivelmente dirão que estamos aqui para pagar dívidas do passado e para nos reconciliarmos com supostos adversários.

Para cá viemos para pagar dívidas e superar divergências? A encarnação pode ser comparada a uma lixa grossa que desbasta arestas e mazelas. André Luiz chama-a de carvão milagroso capaz de absorver as máculas tóxicas e sombrias que portam os corpos perispirituais de espíritos endividados. Além disso, a convivência com desafetos, dentro da família ou fora dela, pode resultar em reaproximação, depois de tempos de intriga e divergência.

No entanto, devemos ir além dessas explicações. A principal finalidade da existência humana é a evolução. Espíritos recebem novos corpos, condições familiares e profissionais, localizações adequadas, preparativos físicos e psíquicos, tudo de acordo com detalhado e minucioso planejamento desenvolvido por arquitetos de especializado instituto reencarnatório, com vistas ao aperfeiçoamento do ciclo evolutivo e o crescimento de potencialidades. Acima de tudo, reencarnamos para evoluir, a fim de retornar à vida verdadeira em melhores condições do que as que tínhamos quando aqui chegamos.

De que forma os protagonistas desses projetos contribuirão com os elevados mentores do progresso? Cuidando do cérebro ou do coração? Buscando o progresso intelectivo ou o do sentimento?

Enseja-nos a Doutrina Espírita o basilar ensinamento de que a decolagem da alma rumo à jornada evolutiva dependerá de duas asas: a intelectual e a moral.

O conhecimento intelectual caracteriza-se pela aquisição da cultura da vida, do universo e da missão dos homens, na assimilação de novos conceitos, na exata medida da ampliação de seus horizontes.

O conhecimento moral caracteriza-se pelo despertamento do sentimento, na exata medida em que o compartilhamento dos talentos, das potencialidades e dos dons de cada indivíduo deixa de representar interesse ou obrigação, para se realizar no bem-estar de seu semelhante, em processo de empatia concretizada pela generosidade.

Jamais o homem se identificará com os ideais divinos sem desenvolver as asas do cérebro e do coração, que o colocarão na rota rumo à perfeição. Essas asas precisam se desenvolver simultaneamente. A decolagem já começou? Almas insipientes, mais próximas da animalidade do que da angelitude, começam a despertar, ainda de forma incerta e bruxuleante, com discretos ensaios de fraternidade.

– Continua na parte 2 –