Asas da Felicidade

PARTE 4

Sidney Fernandes

Na década de sessenta, quando iniciei minha atividade profissional, as condições de trabalho eram extremamente precárias. Pude sentir, pessoalmente, ao cabo de apenas duas décadas, inegável avanço, que nos trouxeram, por exemplo, a informática, a internet e o telefone celular, só para citar tecnologias mais conhecidas. Da mesma forma, outras áreas de ciências humanas e exatas tiveram formidável salto qualitativo, com incontestáveis progressos. A inteligência humana está obtendo, sob o ponto de vista científico, artístico e de qualidade de vida, resultados jamais dantes alcançados.

E quanto ao progresso espiritual?

A atual situação do orbe terrestre muito se assemelha à descrita por Emmanuel, quando cita o Sistema de Capela, constelação que se faz acompanhar de sua família de mundos, quase todos já purificados física e moralmente. Embora um dos seus orbes houvesse atingido a culminância de seu ciclo evolutivo, lá ainda existiam alguns milhões de espíritos rebeldes, de alto nível intelectual, mas de baixo nível moral. Renitentes no mal, dificultavam a consolidação de penosas conquistas no campo da piedade e da virtude. Foram exilados na Terra, mundo em evolução primária.

Não obstante próximos, moralmente, do nível dos terráqueos, intelectualmente os capelinos eram muito mais evoluídos. Aqui, promoveram grandes transformações, como a domesticação de animais, a descoberta da agricultura, a formação da escrita, a utilização de metais e a vida urbana. Até hoje antropólogos não sabem explicar o surgimento da civilização neolítica, que tirou o homem da idade da pedra e o colocou em meio a significativas conquistas. Milênios depois, após cumprirem jornadas expiatórias, a maioria dos exilados retornaram ao planeta de origem.

As duas asas – conhecimento e espiritualização – devem estar niveladas e precisam se desenvolver simultaneamente. Com o investimento intelectual, negligenciado o investimento moral, poderemos nos sujeitar a perigosos comprometimentos. O conhecimento nem sempre é suficiente para garantir a presença do amor nas relações. Não basta admitir, superficialmente, a vaidade, o melindre e o egoísmo. É preciso, além de aceitar, conscientizar-se de seus efeitos funestos, que podem perdurar por muitas vidas.

Inteligências primorosas, como Hitler, Átila, Stalin, Mao Tsé-Tung e muitos outros de tempos atuais, devotaram-se ao mal e fizeram estragos imensos à humanidade. Permitiram-se desenvolver a asa da intelectualidade, com pouca atenção ao aprimoramento moral, e desviaram-se lamentavelmente de seus objetivos.

– Continua na parte 5 –