Bandeiras, Pautas e Lutas
- Doutrina Espirita
- 11/08/2022
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O movimento espírita materializa as ações dos espíritas, a luz de seus ideais, de forma que isso implica, consequentemente, em abraçar determinadas bandeiras, pautas e lutas, eleitas por circunstâncias próprias. Tudo muito natural…
Por motivos históricos diversos, por ações de grupos em momentos específicos, na soma de forças e esforços, abraçamos com afinco determinadas bandeiras, e relegamos outras, também de grande relevância. Essas breves linhas nos motivam a analisar algumas causas que o movimento espírita não abraçou, de forma ostensiva, ou o fez timidamente, para que possamos refletir sobre estas.
Dessas inúmeras e valorosas causas, podemos citar, por exemplo:
DESARMAMENTO: a oposição ao uso extensivo de armas de fogo, seja na guerra, seja nos crimes do cotidiano, é uma causa extremamente relevante, em uma sociedade que, a despeito de toda a tecnologia, padece o fantasma da violência e da criminalidade.
RACISMO: as décadas de escravidão deixaram em nosso país suas marcas, na discriminação da população negra inserida nas falas e artefatos culturais, com práticas de hostilização, em uma falta de caridade com os nossos irmãos, espíritos imortais, ainda que essa questão seja figura ausente ou pouco presente em nossas tribunas e linhas.
INCLUSÃO DE DEFICIENTES: a luta por tornar a nossa sociedade acessível e receptiva aos irmãos que apresentam deficiências de diversas matizes carece avanços no movimento espírita, pela falta de ações expressivas na tradução de obras e palestras, na carência de rampas nas casas espíritas e ainda, na rasa produção de material pedagógico que discuta essas especificidades.
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: uma triste realidade, oculta nos discursos e atrelada a uma cultura machista e à dependência química, demandando discussão e esclarecimento nas pautas das discussões espíritas e no combate a essa prática hedionda.
COMBATE A CORRUPÇÃO: a malversação do dinheiro público, o desvio de recursos, a propina e o patrimonialismo são uma realidade tratada como um tabu, mas que se faz presente em pessoas bem vestidas e com instrução, na dilapidação de recursos destinados aos menos favorecidos. Uma discussão ética que com certeza traz em seu bojo interesses concomitantes as lutas do cordeiro.
MEIO AMBIENTE: a despeito do esforço pioneiro e hercúleo do nosso confrade, jornalista André Trigueiro, na inserção desse tema na nossa agenda, essa luta ainda se faz incipiente na lembrança da caridade com o nosso planeta.
Apesar de não serem estas listadas, entre outras, bandeiras clássicas do nosso movimento, nada nos impede de aderir a estas lutas como cidadão, espírito encarnado consciente, o que pode trazer, pelo nosso interesse, a entrada dessa bandeira no movimento espírita no futuro.
Trazemos lutas do mundo e vice-versa, pois o movimento espírita está imerso no mundo. Elegemos diversas lutas em função de nossa história, de nossos valores, e isso se relaciona com os rumos adotados pelo movimento, mas não é condicionado totalmente por estes.
Fica aqui então a reflexão sobre as lutas nas quais nos alistamos coletivamente e individualmente, todas valorosas. Também são valiosas as bandeiras abraçadas atualmente pelo movimento espírita, como a defesa da vida, o estudo sistematizado e o esperanto.
O que traz esse artigo é a ideia de que a trincheira é maior do que enxergamos na luta por um mundo melhor, onde cada um tem a sua parcela de responsabilidade, independente do credo.
Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Fonte: Agenda Espírita Brasil