Chegou a Hora da Morte?
- Colunas
- 14/04/2020
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Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br
Há pessoas que escapam de um perigo mortal para cair em outro. Seria fatalidade?
O mineiro Vamberto Luiz de Castro, de 62 anos, que havia se recuperado de um câncer terminal, graças a uma nova terapia celular empregada por médicos e pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, São Paulo, morreu, dois meses depois, de uma queda em seu domicílio, com traumatismo crânio encefálico grave.
O soldador Erídio Dias sobreviveu ao rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, mas morreu, três anos depois, na tragédia de Brumadinho.
O jornalista Rafael Henzel foi um dos sobreviventes da queda do avião da Chapecoense, na Colômbia, em 2016. Em março de 2019 morreu de infarto.
Meu pai me contava sempre a história do compadre da morte. Joaquim, que tinha muito medo de morrer, teria convidado a morte para ser sua comadre. Depois de angariar certa intimidade com a megera, teria solicitado que ela jamais o levasse. A morte, até certo ponto constrangida pelos laços do compadrio, disse-se impotente para tal favoritismo, porque isso era coisa de Deus. O máximo que ela poderia fazer seria avisá-lo uma semana antes do infausto acontecimento. Assim aconteceu.
De posse da informação, o medroso trocou de quarto com João, um dos seus empregados. Na data marcada, veio a morte com sua foice cruel buscar o nosso amigo. Quando estava para entrar em sua casa, doeu-lhe a consciência e resolveu levar João, com quem Joaquim havia trocado de lugar. A morte acabou levando o compadre por engano. Não teve jeito, havia chegado mesmo a hora de Joaquim.
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Tanto os casos reais, como este último, do anedotário popular, impelem-nos a concluir que, quando a morte precisa acontecer, o desastre é inevitável?
Allan Kardec obteve informações de que, às vezes, pelas provas que lhes caiba ainda sofrer, certas pessoas passam por situações que os homens lançam à conta da fatalidade.
Informa Richard Simonetti que há males inevitáveis, que poderiam ser chamados de resgates cármicos, contraídos em existências pretéritas. É a nossa cruz! É a conta que chega.
Não obstante, parece que, não satisfeitos com o peso do passado, acabamos por aumentar nossa carga atual, com transtornos do que fizemos ou estamos fazendo, na vida presente.
É a sarna para se coçar, como diria minha avó, que arranjamos quando adquirimos vícios, complicações e desvios que fatalmente redundarão em repercussões negativas no futuro. É o lastro que acrescentamos a nossa cruz.
Não há outro jeito? Somente a dor nos redimirá das besteiras cometidas nesta e em vidas passadas? Quando o dia e a hora estão marcados nada segura o maldito aguilhão da morte?
Calma! Apelemos novamente para André Luiz.
Os atos louváveis que praticamos todos os dias melhoram nossos créditos. Mortes forçadas deixam de ocorrer, em razão da melhoria de nossa conduta.
As preces ardentes que são feitas por nossos parentes, amigos e pessoas por nós favorecidas funcionam como preciosas intercessões responsáveis por moratórias oportunas para aqueles cujo passo já estava programado para o sepulcro.
Deveres prestados com nossos sacrifícios granjeiam preciosas vantagens da Vida Superior que amenizam provações já planejadas para nossas existências.
Chegou a nossa hora? Temos medo da morte? Apeguemo-nos ao bem e à verdade, com todos os recursos ao nosso alcance. Seremos fortalecidos com a fé, o bom ânimo, o otimismo e o trabalho, ingredientes indispensáveis para a reabilitação de nossas ideias e destinos.
Fontes consultadas: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, Ação e Reação, de André Luiz e O Que Fazemos neste Mundo, de Richard Simonetti.