Como Ser Feliz?
- Colunas
- 12/08/2022
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Sidney Fernandes
Cientistas buscam as causas das dores humanas, a fim de minimizá-las ou curá-las. Analistas do comportamento humano começaram a analisar com mais cuidado as causas da infelicidade. Concluíram que as tristezas humanas não se resumem às dores físicas. Melancolia, carência afetiva, síndrome do pânico, estresse e desvalorização da vida merecem a mesma atenção que os malefícios de uma bactéria ou de um vírus.
Quando o renomado psiquiatra austríaco Alfred Adler começou a receber em seu consultório muito clientes atacados pela melancolia, passou-lhes uma inusitada receita:
— Você poderá estar curado dentro de quatorze dias, se seguir esta prescrição: procure pensar, todos os dias, na maneira pela qual poderá agradar a uma outra pessoa.
George, um alcoólico, andava por uma movimentada rua de Nova Iorque. Embora sob o efeito da bebida que havia ingerido, pôde perceber que havia um homem ferido e sangrando, prostrado ao solo. Transeuntes ignoravam e contornavam o indivíduo, principalmente porque ele exalava intensas emanações etílicas, características de mais um bêbado vencido pela bebida.
George condoeu-se, porque havia passado muitas vezes por aquela situação vexatória. Aproximou-se e alarmou-se. O estado do caído era extremamente grave e ali ele morreria, se alguém não o socorresse. Levantou-o, chamou um táxi e o levou para o socorro médico mais próximo. O estado de Lucas — esse era o nome do atendido — era sério e exigiu intenso atendimento da equipe de plantão.
Sensibilizado, George não arredou pé durante toda a madrugada, até que Lucas, no dia seguinte, começou a apresentar sinais de melhora. Agradecido, assim que pôde falar quis saber quem era seu salvador e por que ele o havia amparado.
— Você é algum religioso, faz parte de alguma igreja?
— Nada disso — respondeu Lucas —, apenas sou um igual a você, dependente do álcool e que sofre as consequências do vício.
George e Lucas tornaram-se amigos. E a primeira coisa que notaram, depois de cada um contar a sua história de vida, foi que, durante todo o atendimento prestado, nenhum dos dois teve vontade de beber e nem se lembrou do álcool.
O desdobramento dessa história foi impressionante. Ela serviu de motivação para o início do AA – Alcoólicos Anônimos – um movimento mundial, que teve a sua fundação, naquele mesmo ano de 1935, em Akron, Ohio, e que passaria a amparar os que desejassem deixar de beber.
Um alcoólico pode exercer sobre outro alcoólico uma força que será impossível de ser alcançada por qualquer outro indivíduo que não seja alcoólico. Quanto mais um ampara o outro, mais persistente se torna a sobriedade e mais permanentes são os efeitos de recuperação em ambos.
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Não há dúvida de que devemos recorrer aos recursos materiais, dentre os quais há medicamentos poderosos, técnicas e aparelhos modernos que socorrem o ser humano em suas agruras físicas. O recurso maior, no entanto, é a transformação moral. A partir do momento em que o homem reconhece seu passado culposo, empenha-se em não repetir seus erros e procura repará-los, inicia-se o poderoso processo de reforma íntima, que vai eliminar definitivamente as causas do seu sofrimento.
Como ser feliz? Fazendo outras pessoas felizes!