Crimes Hediondos
- Doutrina Espirita
- 11/11/2022
- 12 min
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Richard Simonetti
1 – Sucedem-se acontecimentos funestos, envolvendo ações criminosas que chocam a opinião pública, como o assassinato da menina jogada do sexto andar de um edifício, em São Paulo. O mal está se expandindo?
Melhor dizer regredindo. Quando lembramos o circo romano, a escravidão, os tribunais inquisitoriais, as cruzadas, o assassinato de recém-nascidos com deficiência física e tantos outros crimes de lesa-humanidade, praticados outrora com a iniciativa dos governos e o aplauso dos governados, dá para perceber que houve progresso. Hoje essas atrocidades geram repulsa, como está ocorrendo em relação ao episódio citado.
2 – Não obstante, crimes hediondos continuam ocorrendo, em escala progressiva. Chega a ser assustador.
É preciso considerar que a população mundial, no início do século passado, era de aproximadamente um bilhão e seiscentos milhões de habitantes. Hoje está mais que sete bilhões, quase quatro vezes maior. Por isso, embora em menor proporção, tais crimes ocorrem em maior número. Por outro lado, há o espantoso desenvolvimento dos meios de comunicação. Acontecimentos funestos tornam-se universalmente conhecidos em questão de minutos, chocando a opinião pública. Antes, raramente ou tardiamente tomávamos conhecimento do que acontecia fora do âmbito de nosso Estado ou de nosso país.
3 – Isso é bom?
Emmanuel, em psicografia de Chico Xavier, diz que o comentário em torno do mal é sempre o mal a expandir-se. Milhões de pessoas maldizendo episódios dessa natureza, revoltadas contra os criminosos submetidos à execração pública, entram numa faixa de desajuste e favorecem a ação de Espíritos perturbados e perturbadores, a gerar novas atrocidades, como rastilhos de pólvora a detonar explosivos.
4 – É uma perspectiva preocupante. A própria indignação popular favorecendo a expansão do mal?
Quando se adensam as nuvens sobre uma cidade, logo desabam temporais violentos, chuva pesada, raios destruidores, causando sérios prejuízos. O mesmo acontece com a atmosfera psíquica. Se a população não cultiva os valores morais preconizados por Jesus, turva-se o ambiente psíquico, favorecendo a incidência maior de ocorrências policiais, inclusive crimes que chocam a opinião pública.
5 – Não é razoável a indignação popular diante de crimes hediondos, pressionando as próprias autoridades para que haja justiça?
Justiça sob pressão é coerção que favorece a injustiça. Em defesa da paz é preciso que a nossa justiça, como ensina Jesus, exceda o olho por olho, dente por dente, de Moisés, exercitada por escribas e fariseus.
6 – Qual é a proposta de Jesus?
Uma justiça inspirada na compaixão, que nos coloca no lugar dos que praticam o mal para entender que são irmãos nossos, necessitados, como ensina Jesus, de tratamento, não de execração.
7 – É impensável para a maioria da população encarar dessa forma os que se comprometem em atrocidades, agindo com requintes de crueldade.
Isso apenas demonstra quão distanciados estamos da moral evangélica. E se o criminoso fosse nosso filho? Não nos sentiríamos de certa forma culpados por não lhe termos oferecido uma orientação moral que o isentasse de tais comprometimentos? E ainda que tivéssemos a consciência tranquila, não nos compadeceríamos dele, procurando ajudá-lo ao invés de repudiá-lo? A fórmula de Jesus é perfeita: aprendamos a nos colocar no lugar das pessoas, reconhecendo a doença moral dos que se comprometem com o crime e a dor moral daqueles que estão ligados a eles pelos laços familiares e afetivos.
8 – E quanto às vítimas desses crimes tenebrosos? Qual a sua situação após a morte?
Todo aquele que desencarna na condição de vítima recebe amplo amparo dos benfeitores espirituais. Não obstante, nossa posição além-túmulo não depende do tipo de morte que soframos, mas do tipo de vida que levamos. As crianças constituem um caso especial. Sem nenhum comprometimento com vícios, paixões e ambições, já que são Espíritos acordando para a vida física, são imediatamente amparadas, sem maiores problemas de readaptação à vida verdadeira.