Desigualdades Sociais – Visão Espírita

Viver num mundo onde tantas desigualdades são rotineiras nos faz às vezes questionar a justiça divina, nos perguntamos onde está a lógica de Deus ao permitir que uns nasçam num ambiente de tanta fartura enquanto outros mantém-se em situações degradantes onde nem os direitos fundamentais humanos são garantidos. Mas afinal, Deus é injusto? Qual a razão para que haja tantas desigualdades se Ele é quem permite tudo?

Nosso estudo busca analisar esses fatos à luz da doutrina espírita.

Analisemos primeiro a origem das desigualdades sociais. Entende-se na doutrina espírita que a desigualdade social é proveniente do próprio homem pois, para Deus, todos somos iguais. Vejamos o que dizem os espíritos, em O Livro dos Espíritos no capítulo IX:

  1. Perante Deus, são iguais todos os homens?

“Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis freqüentemente: ‘O Sol luz para todos’ e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais.”

Todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade.

Dito isso, Kardec deixa claro, através desta resposta dada pelos espíritos a ele, que pela criação todos somos iguais e viemos do mesmo ponto de partida. Porém vemos que muitos parecem estar em muito mais desvantagens, principalmente acerca da situação social. Disso os espíritos nos trazem no mesmo capítulo a seguinte resposta:

  1. É lei da natureza a desigualdade das condições sociais?

“Não? é obra do homem e não de Deus.”

Então com isso temos que a realidade acerca da desigualdade é criada pelo próprio homem que em sua ganância de possuir bens materiais, de acumular e de explorar o próximo com fins de lucrar e angariar através do sacrifício de outrem, não sequer pensam na ética envolvida em se ter demais até do supérfluo e deixar o próximo ao abandono de não possuir o mínimo necessário.

  1. Que se deve pensar dos que abusam da superioridade de suas posições sociais, para, em proveito próprio, oprimir os fracos?

“Merecem anátema! Ai deles! Serão, a seu turno, oprimidos: renascerão numa existência em que terão de sofrer tudo o que tiverem feito sofrer aos outros.”

Na questão 807, os espíritos explicitam a situação de causa e efeito que é infalível nas questões morais daqueles que se dobram ao mau uso de suas condições sociais para ao invés de criar oportunidades – seja de emprego ou de chances de auxiliar aqueles que estão muito aquém de conquistarem algo por mérito próprio – acabam não dando bom uso da ferramenta que Deus lhes confiou na atual existência e, pondo tudo a perder, entregam-se aos prazeres e aos caprichos mais vis.

Entendemos que esse mau uso poderá ser pago pela Lei de Causa e Efeito  onde o indivíduo que antes oprimia, será amanhã o oprimido. Talvez possa soar um revanchismo desnecessário mas, muitas das vezes, esses indivíduos se tornam grandes nomes da luta pro igualdade social. Ao se ver aquele espírito na situação diferente da anterior, acorda para a necessidade da justiça social e acabam se tornando expoentes neste assunto.

A justiça divina age de forma perfeita e infalível. Vejamos a questão 806:

  1. a) —Algum dia essa desigualdade desaparecerá?

“Eternas somente as leis de Deus o são. Não vês que dia a dia ela gradualmente se apaga? Desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do merecimento. Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro. Só o Espírito é mais ou menos puro e isso não depende da posição social.”

Daí temos a resposta definitiva: a desigualdade desaparecerá conforme a fraternidade reinar nos corações dos homens.

Visto isso, entendemos que o espiritismo esclarece, através da revelação dos espíritos, que a desigualdade social é um estágio da sociedade egoísta.

Nosso papel enquanto espíritas  é o de auxiliar a todos os irmãos com menos condições, sejam materiais, psicológicas ou espirituais. Com isto estaremos, por fim, colocando em prática aquilo que muito estudamos nas obras espíritas: Fora da caridade não há salvação!

Tenhamos todos nós a consciência voltada para a necessidade de cada um fazer a sua parte para que o mundo se torne mais justo e que o orgulho e o egoísmo sejam erradicados, passo a passo, da nossa vida cotidiana.

Felipe Gama

https://espiritismodaalma.wordpress.com