Domingos Montagner: Era Hora Marcada para Morrer?

A última cena de Domingos Montagner em “Velho Chico” mostraria seu personagem, Santo dos Anjos, contemplando as águas do rio São Francisco, onde o ator morreu afogado nesta quinta-feira (15/09), durante um mergulho.

Sua partida deixa o país em luto.

Mas chegou a hora do ator Domingos morrer?

Ninguém tem hora, dia, com precisão, para morrer. O tempo aproximado que deverá passar reencarnado no planeta, sim.

Pode ser que o tempo do Domingos havia chegado. Mas é muito difícil asseverar categoricamente, pois desconhecemos seu histórico espiritual para essa reencarnação.

Consultei alguns artigos de respeitáveis autores espíritas e verifiquei que não existe consenso a respeito da morte por acidente: uns pensam que sempre existe programação, outros, que depende também das circunstâncias.

Como já escrevemos sobre o assunto em outro texto postado aqui no site, vou reproduzir um trecho que cabe para análise (ver “Existe morte por acidente?” – pesquisa por assunto):

Depende das circunstâncias e dos fatos que foram determinantes para a ocorrência do acidente.

A análise desse tema, sob a ótica espírita, não possui o condão de ser definitiva e abarcar todas as variáveis. Quem seria capaz de conhecer, em profundidade, os desígnios de Deus?

Vivemos num mundo de matéria muito grosseira onde qualquer acidente ou doença poderá levar à morte. Conclusivamente, a vida aqui na Terra, por si só, já é uma expiação para os Espíritos (ver questão 132 de O Livro dos Espíritos).

Retornemos: -Foi inevitável a morte de Domingos?

Não, a ocorrência poderia ser evitada. O “vigiai e orai” de Jesus cabe em qualquer circunstância da vida. O Mestre conhecendo os percalços e dificuldades do nosso mundo quis dizer para ficarmos alertas, atentos, para sermos prudentes.

Pois bem, se algum acidente ocorre por nossa negligência, imprudência e descaso com a vida, não há como asseverar que tal ocorrência estava prevista para acontecer conosco.

No caso do ator, ainda não sabemos os detalhes do afogamento. Se ele tinha conhecimento do risco que corria, maior é sua responsabilidade pelo ocorrido. Se, no entanto, foi pego de surpresa, sem conhecimento que o local era muito perigoso, de grande profundidade e correnteza, pouco poderia fazer.

Riscos corremos todos os dias.

De qualquer forma, se havia programação para a morte prematura por acidente, ela iria ocorrer de qualquer forma e em qualquer lugar.

Vejamos um trecho do Capítulo “Tragédias” do Livro “Quem tem medo da Morte?”, de Richard Simonetti:

“Multidões regressam à Espiritualidade, diariamente, envolvidas em circunstâncias trágicas: incêndios, desmoronamentos, terremotos, afogamentos, acidentes aéreos e automobilísticos…

“Por quê?” – questionam, angustiados os familiares.

A Doutrina Espírita demonstra que tais ocorrências estão associadas a experiências evolutivas. Não raro representam o resgate de dívidas cármicas contraídas com o exercício da violência no pretérito.

Todos “balançamos” quando nos vemos às voltas com mortes assim envolvendo nossos afetos. Muitos, desarvorados, mergulham em crises de desespero e revolta, reação compreensível ante o impacto inesperado. Somente o tempo, a fluir incessante, no desdobramento dos dias, amenizará suas mágoas, sugerindo um retorno à normalidade.

A vida continua…”

As mortes prematuras por acidente sempre vêm acompanhadas de certa perturbação, confusão espiritual. Não será de uma hora para outra que o desencarnado vai ter total conhecimento do ocorrido.

O que podemos fazer para ajudar?

Compreensão, entendimento e preces para nosso querido irmão que retornou à verdadeira Pátria.

Fernando Rossit