Ele Nasceu no Corpo Errado

COMO MENINO

Pais precisam estar preparados para lidar com o desejo de uma criança transgênera. Você está?

Casos de crianças transgêneras são pouco divulgados, principalmente no Brasil. Mas depois do vídeo viral de Ryland Whittington, o assunto ganhou destaque, despertou discussões e dúvidas surgiram entre os pais.

Para entender um pouco mais, o psicólogo Maycon Souza conta que transgênero, segundo um estudo de Natacha Kennedy, da Universidade de Londres, significa Transtorno de Identidade de Gênero (TIG), cujas causas são biológicas, não ambientais e/ou culturais e se dá durante a gestação.

O transgênero existe devido à não associação da pessoa pelo modo como é vista pelos outros. Por exemplo: o homem não se percebe como homem, mas sim como uma mulher, apesar de possuir características físicas (corporais) masculinas. Isso pode se dar tanto por atribuições físicas quanto por comportamento ou vestuário.

Muitas vezes, o transgênero só se aceita ou reconhece na fase adulta, mas é possível que isso ocorra na infância, como aconteceu com Ryland, que nasceu menina, mas aos 5 anos não se aceitava como tal.

E quando isso acontece, os pais ficam perdidos, sem saber como lidar com a situação – até mesmo por ser um fato não muito conhecido e, até mesmo, pouco estudado.

“É muito importante que os pais procurem um especialista para saber se a criança é realmente um transgênero ou se está com algum outro problema, pois existem muitas variantes a serem avaliadas em um caso como esse”, relata Jô Furlan, médico, professor e pesquisador na área de Neurociência do Comportamento.

Ele ainda explica que, como o sistema básico de crenças e valores de uma criança costuma ser moldado até os 7 anos de idade e o desenvolvimento (formatação) do sistema nervoso ocorre aproximadamente até os 5 anos, ela pode rejeitar sua imagem por diversas razões.

Entre elas estão: grupos sociais, escola, amigos, família e ainda a postura dos familiares em relação ao que pode um menino e ao que pode uma menina. “Por isso, é muito importante a avaliação de especialistas para poder descartar inúmeras variáveis patológicas que podem justificar um comportamento como esse”, esclarece.

Como lidar?

Mas e se após o contato com o especialista a criança for realmente diagnosticada como um transgênero, como os pais podem lidar, principalmente em relação ao preconceito?

Para o psicólogo Maycon, na sociedade atual, ainda há um grande preconceito com o que foge do que se entende por normalidade – e o transgênero acaba sendo muito repreendido. “Contudo, o que deve ser posto aos pais, de maneira geral, é que as crianças devem ter apoio para poderem se adaptar melhor dentro do mundo e, sobretudo, no ambiente escolar, que é, geralmente, o primeiro local de contato da criança com o ambiente externo”, diz.

As famílias devem ter em mente que o filho é diferente e deve ser amado e respeitado, sem sofrer preconceito dentro de sua própria casa. Deve-se ter tolerância, não reprovar as atitudes e manter um bom diálogo com a criança. Não se deve vê-la com o olhar das imposições sociais, mas de uma maneira diferente, acolhedora.

“Uma questão essencial para a família – no caso, pais ou responsáveis – é pensar nos filhos não somente como meninos ou meninas, mas como filhos. É essencial apoiar a criança para que se sinta fortalecida e consiga lidar com o sofrimento causado pelo preconceito”, finaliza Maycon.

(Nota: se você quiser saber sobre as possíveis causas espirituais de casos como esse, assista ao vídeo do Dr. Andrei Moreira – “pesquise por tema”, no youtube).

(Nota 2: leia também “Os Transgêneros – Uma Visão Espírita”, aqui no site)

Fonte: UOL