Em homenagem aos 158 anos de O Livro dos Espíritos

No próximo sábado, dia dezoito de abril de dois mil e quinze, a Doutrina Espírita completará cento e cinquenta e oito anos, contados a partir da primeira edição de O Livro dos Espíritos.

Das muitas coisas que podemos falar, optamos por reler e comentar trechos de algumas das questões do referido livro:

“798 O Espiritismo será para todos ou permanecerá como privilégio de algumas pessoas?”
– “Certamente ele se tornará uma convicção íntima de todos e marcará uma nova era na história da humanidade, porque está na ordem natural das coisas, na natureza, e é chegado o tempo de ocupar o seu lugar entre os conhecimentos humanos.”

Apresentando-se como o Consolador, anunciado por Nosso Senhor Jesus Cristo (*), a Doutrina Espírita, necessariamente, precisaria sempre estar corroborada pelos fatos e, consequentemente, pelas descobertas da Ciência, uma vez que o Senhor Jesus disse que ela nos esclareceria sobre todas as coisas.

Até este instante em nada a Doutrina Espírita foi desmentida, muito pelo contrário.

Allan Kardec comenta a resposta acima com uma lógica brilhante:

“As idéias somente se transformam ao longo do tempo e não subitamente. De geração a geração vão se enfraquecendo e acabam por desaparecer pouco a pouco junto com seus seguidores, substituídos por outros indivíduos inspirados por novos princípios, como ocorre com as idéias políticas… Todavia, sua marcha será mais rápida que a do Cristianismo, porque o próprio Cristianismo é quem lhe abre os caminhos e está nele apoiado. O Cristianismo tinha o que destruir; o Espiritismo só tem que edificar.”

“799 De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso?”
– “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, e fazendo os homens compreenderem onde está seu verdadeiro interesse. A vida futura, não estando mais encoberta pela dúvida, fará o homem compreender melhor que pode, desde agora, no presente, preparar seu futuro. Ao destruir os preconceitos de seitas, de castas e de raças, ensina aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos.”

O materialismo já foi desconstruído por falta de “matéria”, e se sustenta tão somente no comportamento pessoal de cada indivíduo quando este ainda se encontra carregado de egoísmo e insegurança diante da vida imortal.

“800 Não é de temer que o Espiritismo não possa vencer a indiferença dos homens e seu apego às coisas materiais?”
– “Seria conhecer pouco os homens, se pensássemos que uma causa qualquer pudesse transformá-los como por encantamento. As idéias se modificam pouco a pouco, de acordo com os indivíduos, e são necessárias gerações para apagar completamente os traços dos velhos hábitos. A transformação só pode, portanto, se operar a longo prazo, gradualmente, passo a passo. A cada geração uma parte do véu se dissipa. O Espiritismo veio rasgá-lo de uma vez e, conseguindo corrigir no homem um único defeito que seja, já o terá habilitado a dar um grande passo que representa, para ele, um grande bem, porque facilitará os outros que terá que dar.”

A clareza da questão acima dispensa comentários.

“801 Por que os Espíritos não ensinaram em todos os tempos o que ensinam hoje?”
– “Não ensinais às crianças o que ensinais aos adultos e não se pode dar ao recém-nascido um alimento que não poderá digerir. Cada coisa tem seu tempo. Eles ensinaram muitas coisas que os homens não compreenderam ou adulteraram, mas que podem compreender agora. Com o seu ensinamento, mesmo incompleto, prepararam o terreno para receber a semente que vai frutificar agora.”

As revelações espirituais sempre são apresentadas aos homens de acordo com sua capacidade de entendimento, a exemplo das escolas que apresentam o conhecimento de forma crescente, mas sempre estarão sujeitas aos seus interesses.

“802 Uma vez que o Espiritismo deve marcar um progresso na humanidade, por que os Espíritos não aceleram esse progresso com manifestações tão generalizadas e evidentes que convençam até os mais descrentes?”
– “Quereis ver milagres; mas Deus espalha milagres a mãos cheias diante dos vossos olhos e, ainda assim, há homens que o renegam. Por acaso o próprio Cristo convenceu seus contemporâneos com os prodígios que realizou? Não vedes hoje homens negarem os fatos mais evidentes que se passam sob seus olhos? Não há os que dizem que não acreditariam mesmo se vissem? Não; não é por prodígios que Deus quer encaminhar os homens. Em sua bondade, quer deixar o mérito de se convencerem pela razão.”

Sem mais comentários, pensemos nisso.

Antonio Carlos Navarro

Referências: *João 14:26