Evidências da Continuidade da Vida
- Colunas
- 04/06/2021
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Sidney Fernandes
Os propósitos da vida dependem do seu significado em sua amplitude maior. Os sofrimentos por que passamos, com os quais precisamos lidar com resiliência, são justificados pela sobrevivência à morte, pois a vida física é um estágio de aprendizado no nosso mundo de relações.
As pesquisas do Professor Ian Stevenson, da Universidade da Virgínia, envolviam crianças que tinham lembranças detalhadas de vida passada, que depois eram confirmadas através de registros públicos.
Nas comunicações em estados de transe do médium um espírito assume a identidade e respectivas particularidades de uma pessoa que já morreu.
No Código Internacional de Doenças e no Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria, a medicina passou a aceitar que transtornos dissociativos de identidade podem ser atribuídos a estados de transe e possessão, situações em que o paciente assume a identidade de um morto.
Em seus momentos de lazer, o crítico de arte sueco Friedrich Jürgenson (1903-1987) tinha o hábito de gravar cantos de pássaros. Ao escutar uma dessas gravações, deparou-se com vozes humanas entre os trinados das aves. Depois de várias pesquisas e aperfeiçoamento de seus métodos de captação, descobriu que as vozes se originavam de criaturas mortas.
Colocou os resultados de seus estudos num livro que, no Brasil, foi publicado com o título Telefone para o além.
Fernando Pessoa valorizava muito as visões de Dante, porque ele mesmo viveu estados de transe. O grande escritor português entendia que os seus heterônimos — Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro Campos — na verdade eram entidades espirituais.
Sob o ponto de vista literário eram chamados de heterônimos — personalidades assumidas pelo autor como se fossem pessoas reais —, mas sob o ponto de vista fenomenológico Pessoa entendia que eram entidades espirituais, oriundas de, vamos dizer assim, suas psicografias.
Existem pesquisas de comunicações com os mortos dentro do Vaticano, através de aparelhos, realizadas pelo Padre François Charles Antonio Brune, teólogo e especialista em misticismo oriental e ocidental, sacerdote ordenado em 1960.
Desde 1987 ele é considerado um observador atento da investigação psíquica e da chamada Transcomunicação Instrumental (TCI). Autor do livro Os mortos nos falam, assim se expressou, em entrevista concedida ao Jornal de Espiritismo da ADEP, de Portugal:
— Penso que na maior parte das vezes nos comunicamos com os mortos, que vivem agora numa outra dimensão.
Dentro da Igreja Evangélica Anglicana tivemos uma extraordinária médium chamada Rosemary Brown, que se tornou conhecida pelas comunicações de compositores célebres de música eruditas, tendo recebido deles, em processo similar à psicografia, mais de quatrocentas partituras.
Entre esses espíritos estariam Liszt, Chopin, Schubert, Beethoven, Bach, Brahms, Schumann, Debussy, Grieg, Rachmaninoff, Mozart, dentre outros. Em abril de 1969 psicografou diante das câmeras da BBC uma partitura inédita de Liszt com a peça chamada Grübelei, de tão elevada dificuldade técnica que se confessou incapaz de ela própria tocá-la.
Posteriormente, a peça foi analisada por Humphrey Searle, compositor britânico e grande estudioso de Liszt, que ressaltou, em seu artigo, que as harmonias avançadas e a tonalidade eram típicas das últimas composições de Liszt.
Mesmo com todos esses conhecimentos, a perda de um ente querido é a expressão mais marcante na vida de cada um de nós. No entanto, as evidências da continuidade da vida nos dão forças para esperar pelo aguardado reencontro, na espiritualidade.
Essa esperança nos vacina contra o desespero. É saudável ter saudade, mas não a revolta, porque se perde qualquer possibilidade de uma linha de comunicação que se possa ter com o ente querido que está, do outro lado da vida, na expectativa de uma ligação construtiva.
A ideia de acabar com a existência deve ser eliminada, pois a vida não nos pertence. Ela tem um grande propósito, advindo de uma inteligência suprema que coordena a natureza e delega para a história de cada pessoa ampla possibilidade de aprendizado, para fazer surgir, de dentro de cada um de nós, o que temos de melhor.
A vida vale a pena e ela continua para lá da morte, além do corpo biológico, e transita pelos mundos espirituais, com a consciência plena do que realizamos aqui na Terra. Ainda que tenhamos sido atropelados por nossos erros e desenganos, conseguimos aprender alguma coisa. Sempre é tempo de recomeçar. A vida se expande muito mais do que os nossos olhos podem enxergar.
Extrato resumido e adaptado de reflexões do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira contidas no vídeo Vida após a vida – uma reflexão da vida após a morte