Fanáticos, maníacos e loucos
- Doutrina Espirita
- 26/11/2025
- 11 min
- 14

– Orson Peter Carrara
Observa-se com frequência os prejuízos e constrangimentos trazidos pelo fanatismo e pelas manias que extrapolam o bom senso. Mas também os desequilíbrios mentais por eles trazidos. Estão em todos os segmentos da vida social. Quando prevalece a falta de discernimento, surgem as loucuras próprias pelos estudos da matemática, da medicina, da música, da filosofia entre outros, comparecendo também nos esportes e nas artes em geral, fruto do fanatismo por determinada área ou manias ao conduzir as próprias atividades.
Nem por isso, todavia, vamos banir ou combater as conquistas diversas da evolução humana. Precisamos desses avanços resultantes da dedicação, estudos e renúncias de muita gente que busca aperfeiçoamentos diversos em todas as áreas. O problema todo é quando surgem os extremos, com o fanatismo conduzindo.
Também na prática religiosa e mesmo mediúnica surgem os maníacos e extremistas, por descuidos variados e mesmo por ignorância – resultante do não estudo e disciplina que se requer – sobre o assunto. Não só na prática da mediunidade, em nosso caso de espíritas, mas também na condução e vivência dos estudos doutrinários trazidos pelo Espiritismo.
Kardec aborda a questão no item XV da Introdução de O Livro dos Espíritos. Referindo-se às críticas de pessoas que enxergam perigo em tudo, sugestionam que: “(…) certas pessoas, em se entregado a esses estudos, terem perdido a razão (…)”. E aí, com toda sua sabedoria, argumenta o Codificador: “Como homens sensatos podem ver nesse fato uma objeção séria? Não ocorre o mesmo com todas as preocupações intelectuais sobre um cérebro fraco?”
Kardec refere-se às objeções apresentadas por aqueles que recusam, resistem, à realidade das manifestações espíritas. A comparação que apresenta, inclusive adentrando o terreno dos desequilíbrios mentais – dos quais tantas vezes não são acusados os espíritas e os médiuns –, é notável:
“Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura: as ciências, as artes e até a religião lhe fornecem contingentes. A loucura tem como causa primária uma predisposição orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a certas impressões. Dada a predisposição para a loucura, esta tomará o caráter da preocupação principal, que então se muda em ideia fixa, podendo tanto ser a dos Espíritos, em quem com eles se ocupou, como a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma arte, de uma ciência, da maternidade, de um sistema político ou social. Provavelmente, o louco religioso ter-se-ia tornado um louco espírita, se o Espiritismo fora a sua preocupação dominante, do mesmo modo que o louco espírita o seria sob outra forma, de acordo com as circunstâncias.”
Mas é sempre sua lucidez que se apresenta a quem estuda com seriedade:
- “(…) o Espiritismo não tem privilégio algum a esse respeito. Vou mais longe: digo que, bem compreendido, ele é um preservativo contra a loucura (…)”;
- “(…) Suas convicções lhe dão, assim, uma resignação que o preserva do desespero e, por conseguinte, de uma causa permanente de loucura e suicídio. (…)”
Estudado, meditado, refletido, o Espiritismo preserva, pois, do fanatismo, das manias, dos desequilíbrios mentais. Embora possamos trazer dentro nós vários desequilíbrios, quando aprofundamos o estudo espírita, libertamo-nos de ilusões, condicionamentos, medos, pretensões vãs e lutaremos bravamente contra tendências fanáticas ou manias que possamos trazer fruto de vários outros fatores. Por isso é importante estudar.
Vejamos esse item da Introdução da citada obra básica, o de número XV, esquecido lá na obra, e com tão farto material à disposição.
Entusiasme-se com a pesquisa.




