Imaginemos
- Colunas
- 08/02/2019
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Imaginemos um povo vivendo sob o poder de outro povo há mais de sessenta anos, submetido a uma carga tributária vultosa em seu próprio território e ainda sendo tratado como escória humana, pressionado pela cultura do invasor e com a ordem sendo mantida por militares extremamente truculentos.
Imaginemos o anseio de libertação que sobrepaira esse povo, que acredita, obsessivamente, ser o povo eleito por Deus para viver no paraíso e ser de condição melhor do que seus algozes.
Imaginemos o grau de orgulho que se atinge, notadamente entre os religiosos, que ditam as regras de comportamento dos indivíduos que compõem esse povo, e que acreditam serem os representantes de Deus na Terra.
Imaginemos uma época em que a expectativa de vida situava-se por volta de quarenta anos, em função da miséria material provocada pela ignorância e pelo atraso moral-intelectual, portanto sem medicamentos, saneamento básico, luz elétrica, etc.
Imaginemos a intensidade do instinto de conservação que permeia esse povo, que por conta das dificuldades de sobrevivência, sob todos os aspectos, acaba por criar e fortalecer o egoísmo e a concorrência humana para preservação da vida e manutenção das conquistas conseguidas.
Imaginemos, por último, a cultura desse povo, que tem como premissa a justiça do olho por olho e dente por dente, que entende que a mulher não possui valor e, portanto, é um objeto do homem, que autoriza matar os filhos rebeldes, que expulsa os doentes do convívio social, entre outras barbaridades.
Pois é nesse contexto que Jesus, há dois mil anos, apareceu na face do planeta.
Imaginemos o choque cultural causado por Suas orientações, fundamentadas no amor até mesmo aos inimigos, e que desmontavam as ideias que se tinha do reino dos céus.
Imaginemos a indignação causada aos detentores dos poderes religiosos, quando comparados aos sepulcros e as meretrizes, em função de seus comportamentos.
A reação só poderia ser fulminante, como o foi.
Mas o que importa para Jesus?
Importa satisfazer a vontade de Deus, para cumprimento das Leis Naturais, que no tocante ao progresso visa levar os espíritos a perfeição, mesmo quando não se tem noção disso.
Por efeito do amor, que busca os atrasados do caminho, Jesus tomou para si a dificílima tarefa de plantar no coração humano a semente do amor na sua real expressão, a despeito de todas as dificuldades existentes. Dando-nos o exemplo que devemos, por nossa vez, buscar fazer o mesmo que Ele fez, impulsionando-nos para as conquistas espirituais de que somos necessitados, cumprindo com o fatalismo da perfeição individual estabelecida pelo Criador para cada um de nós.
Pensemos nisso.
Antonio Carlos Navarro