Melancolia – Orson Peter Carrara
- Colunas
- 07/01/2019
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A vaga tristeza que se apodera do coração, quase que de maneira imperceptível, levando a pessoa a considerar amarga a existência, chama-se melancolia. Se não combatida no íntimo pode desencadear estados de angústia profunda e depressão.
Este abatimento se revela, muitas vezes, através de pequenos contratempos do cotidiano, coisas simples e corriqueiras que assumem cores mais escuras que a realidade. Ouvir uma reprimenda, tirar notas baixas na escola, desentender-se com um familiar…
Qualquer motivo acaba desencadeando esse estado de melancolia, que, diga-se passagem, precisamos combater. Uma das maneiras de enfrentar a melancolia é identificar o agente causador e, o mais rápido possível, atacar a raiz do problema, solucionando-o.
Isso nos faz lembrar a história de “…um professor muito estimado pela espontaneidade e alegria que dele emanava. Todos o procuravam quando passavam por dificuldade.
Quando ele via alguém com um semblante tristonho a caminho de sua sala, ele pegava um papel e uma caneta e pergunta:
Qual é o problema?
Na medida que a pessoa ia falando ele ia anotando todas as queixas: notas baixas, briga com o melhor amigo, derrota no esporte, um resfriado… Em grande parte, as situações eram coisas simples e de fácil solução, se buscada com seriedade. Normalmente, as pessoas que iam conversar com ele, ao olhar as muletas que ficavam escoradas na sua escrivaninha e que denunciavam a paralisia do jovem mestre, sentiam-se envergonhadas por entristecer-se por tão pouco.
A melancolia pode ser estimulada por uma mágoa, um pneu furado, uma dificuldade amorosa, um dia vazio, um bolso vazio, um estômago vazio, um coração vazio…
Mentalmente, pode-se puxar um papel e escrever exatamente o que provoca esse estado de infelicidade e trabalhar por eliminá-lo.
Algumas coisas são imodificáveis, outras não; identificá-las é que diferencia o homem sereno do homem melancólico. Aos primeiros sinais de melancolia pode-se utilizar alguns antídotos:
1 – sair da rotina e fazer algo diferente, que desejava há muito tempo, mas nunca teve oportunidade de fazer;
2 – dedicar-se a dar alegria a alguém, sem exigir absolutamente nada em troca;
3 – adquirir novos conhecimentos, leituras, amizades; buscar na memória momentos da vida em que sentiu extrema felicidade…
A melancolia está diretamente ligada ao estado de espírito da solidão e do ócio.
Então, a solução é não ser solitário, nem ser ocioso.
Se formos ociosos, não sejamos solitários.
Se formos solitários, que não sejamos ociosos.
Todos temos algo a desempenhar, seja junto à família ou a coletividade.
A felicidade, presente e futura, depende do cumprimento dessa tarefa, com alegria, sempre.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo V, item 25, encontramos a expressiva mensagem assinada pelo Espírito François de Genêve, exatamente com esse título: Melancolia.
O autor espiritual assinala: “(…) resisti com energia a essas impressões que enfraquecem vossa vontade. (…) Lembrai-vos de que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que não suspeitais, seja em vos devotando à vossa família, seja cumprindo os diversos deveres que Deus vos confiou. (…)” A mensagem tem apenas dois parágrafos, é bem compacta, mas de grande beleza e sugiro ao leitor tê-la na íntegra no coração, pois seu conteúdo tem o sabor de orientação viva aos desafios diários que são normais para nossa condição humana, no estágio que nos encontramos.
Vá ao livro, leitor amigo, sugiro-te com ênfase. Concentre-se especialmente no segundo parágrafo e se acaso você enfrente esses momentos desafiadores de tristezas continuadas, encontrará no texto o conforto que seu coração busca com ansiedade, desejando-se libertar-se para viver com alegria…
Nota do autor: adaptação de texto original de Luís Roberto Scholl, de Santo Ângelo-RS.
Originally posted 2017-05-31 22:24:00.