Não Brinco Mais
- Colunas
- 10/09/2022
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Sidney Fernandes
Diante do progresso, sucesso, fama ou confortável situação financeira, justificamos, racionalizamos ou desvalorizamos méritos alheios. Falamos em inspiração e não percebemos a transpiração, porque não chegamos à consciência de que conquistas dependem de trabalho, esforço e persistência. Tendemos a entronizar e idolatrar os bem-sucedidos, como se fossem criaturas dotadas de graça ou prerrogativa especial, das quais não somos dignos, e não consideramos o profundo esforço que cada um despendeu na caminhada empreendida.
Perante os que se destacaram no campo do espírito também apresentamos baixa autoestima e idolatria. Ao nos lembrarmos de Madalena, Paulo de Tarso, Pedro, Marcos e outras figuras do Evangelho, tributamos merecidos amor e respeito a esses grandes vultos do caminho cristão. Achamos, no entanto, que eles somente tiveram facilidades, pois, afinal de contas, conviveram com Jesus. Bastará voltar um pouco no tempo e encontraremos os dolorosos enganos de Madalena, as perseguições de Paulo, a negação de Pedro e as hesitações de Marcos. Não obstante, superaram suas fraquezas e se firmaram em suas grandiosas missões graças ao profundo esforço que despenderam para aprender e aplicar com Jesus.
Ao enaltecer essas figuras grandiosas, taxamo-nos de incapazes, como se o espaço terrestre fosse dividido entre deuses e devotos. Esse falso raciocínio supostamente justificaria nossos melindres e nossa falta de persistência. Existem criaturas que ora creem, ora descreem. São fiéis frequentadores do templo, da igreja ou do centro espírita, mas diante de leve indisposição afastam-se, alegando que aquela casa de oração é fraca. Parecemos crianças que, ao menor sinal de contrariedade, saem amuadas, dizendo que não brincam mais.
O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração. O mal pode até extenuar o espírito, mas o bem revigora sempre. Por isso, amigo leitor, jamais canse de fazer o bem. A boa colheita exigirá continuidade e persistência. Os que venceram tinham plena convicção de suas dificuldades, mas, acima de tudo, de que Deus jamais colocaria em seus ombros peso superior às suas forças.