O Dom de Deus

Sidney Fernandes   14-99772-5892

Por isso te lembro despertes o dom de Deus que existe em ti. – Paulo

Uma das mais gratificantes mensagens oferecidas ao homem, desde que tomou consciência de sua condição de filho de Deus, foi lavrada pelo Apóstolo Paulo, ao afirmar que existe em todos nós o dom de Deus.

Durante milênios, exegetas, poetas, filósofos e religiosos cantaram e decantaram esse registro das formas mais díspares. Foram unânimes, no entanto, quando afirmaram que todos herdamos chama divina, que precisa ser despertada, mantida e reavivada, pois ela representa o mais poderoso antídoto capaz de combater e até eliminar as sombras dos impulsos primitivistas.

O sábio Emmanuel, com sua preciosa e sintética interpretação do Evangelho, aborda esse assunto, como sempre, com autoridade e precisão, destacando que dispomos da Revelação Divina para abastecer nossas carências e trazer luzes para nossas escuridões.

Adverte, todavia, que um dos maiores perigos que corremos são as tentações. Elas representam verdadeiros desvios de conduta do caminho reto, para seres frágeis, que somos nós, necessitados de regeneração e aperfeiçoamento.

Soam como verdadeiros cantos de sereias, que, segundo a mitologia grega de Homero, seduziram Ulisses — de Odisseia — e tantos outros marinheiros que passavam nas proximidades de uma ilha do Mar Tirreno, entre a Ilha de Capri e a costa da Itália.

Emmanuel, no entanto, dispensa recursos metafóricos e vai direto ao assunto. Somos tentados para permanecer às escuras quando surgem convites para o vício, a maledicência, a calúnia, a indolência, o adultério e até mesmo para a alimentação exagerada ou indevida.

Ouvi, há pouco tempo, de lúcida psiquiatra e conferencista, a advertência de que os circuitos do medo, da ansiedade e da insegurança, que trazemos da época dos primatas, deitam e rolam em nosso psiquismo quando não criamos novos circuitos, estes ligados à empatia, à solidariedade e à gentileza.

E não é exatamente essa a advertência que Emmanuel nos faz, ao nos lembrar que todos portamos o dom de Deus e descuidamos da sua manutenção e de seu reavivamento?

Jamais, amigos leitores, poderemos esquecer que cabe a nós o despertamento dessa chama divina que, às vezes, bruxuleia e ameaça se apagar do nosso interior.

O trabalho honesto, o respeito à família, a palavra amiga, a conversa edificante, a leitura digna e o cultivo da espiritualidade — acompanhada ou não de crença religiosa — criam circuitos novos, que combatem os velhos e estabelecem conexões imediatas com as forças da vida, que eletrificam a discreta chama divina que portamos.

Uma faísca do vosso amor pode abrasar a Terra, ensina-nos a oração recebida por um círculo espírita de Bordeaux, na França de Allan Kardec, há quase 150 anos, atribuída ao espírito Cáritas.

Fiquemos com Emmanuel:

Que venham as tentações do desânimo e das decepções e nos fustiguem as sombras do passado.

A partir do momento em que reacendermos as próprias luzes e obedecermos às determinações da vida, estaremos preparados para o reerguimento e a reedificação, sempre que for necessário.

Acordemos o dom de Deus que jaz adormecido dentro do nosso peito e tudo poderemos enfrentar.

Referências:  Vinha de Luz, Emmanuel; Odisseia, canto XII, Homero; Ilíada e Odisseia, Superinteressante.