O Estupro é Programado pela Espiritualidade?

Uma criança de apenas 7 anos de idade foi violentada sexualmente por seu próprio tio em Rondonópolis, no Mato Grosso. A criança foi levada à unidade de saúde e a médica pediatra se recusou a atender a criança.

A médica alegou que a criança ‘era culpada pelo estupro’.

Segundo a mãe da criança a pediatra afirmou que ‘uma energia sexual puxou o tio pra ter o sexo com ela’.

A médica disse que não queria se envolver ‘naquele problema espiritual’. E afirmou que a criança foi violentada por problemas em suas ‘vidas passadas’.

“O cara (agressor sexual) tem uma energia sexual, se liga a uma criança, ela (a criança) vai e pratica.”, teria dito a especialista a mãe da criança vítima do estupro.

A mãe acionou a justiça contra a pediatra. O caso chegou ao Tribunal de Justiça em grau de apelação e a Primeira Câmara Cível do TJMT condenou a médica a indenizar a mãe da criança por danos morais, no valor de R$ 10 mil.

A médica alegou liberdade de crença, consciência e de manifestação religiosa para justificar a conversa que teve com a mãe e a recusa em prestar o atendimento à vítima de estupro.

Para a justiça a médica praticou ato ilícito gerador de dano moral porque extrapolou os limites da boa conduta social e que ofendeu a mãe da criança ao atribuir à vítima a responsabilidade pela violência sexual sofrida, por supostas condutas imorais praticadas em vidas passadas. (Jornal O Globo)

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Imagina que você seja atingido por uma bala perdida. Vai buscar socorro num hospital e o profissional de saúde alega que não o atenderá porque você está resgatando uma dívida do passado e que não foi por acaso que a bala o atingiu.

Como você reagiria?

O Código de Ética Médica e o Código Penal disciplinam o que é omissão de socorro por parte do médico.

No entanto, claro resta, que no caso descrito, a médica praticou um ato danoso à criança e à família – moralmente e eticamente reprovável.

Mas do ponto de vista espiritual, haveria possibilidade daquele estupro ter sido programado espiritualmente?

Não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a ideia de que alguém deve reencarnar a fim de ser estuprado.

A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor (2)

Mesmo que considerássemos que a “vítima de hoje” tenha cometido graves erros na área sexual em outra vida, jamais o estupro seria uma condição compulsória de ressarcimento dessas dívidas espirituais.

Um mal não justifica outro mal, e quem pratica o estupro será responsável pelos atos de acordo com a legislação humana e os códigos divinos.

Entretanto, devemos considerar que se praticarmos o mal estaremos, irremediavelmente, retidos nas malhas das suas consequências.

Somos nós mesmos que atraímos para nós o mal que criamos com nossos atos.

No livro “Nas Fronteiras da Loucura”, escrito pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda (1), encontramos o caso de uma jovem espírita que, em local ermo, estava rodeada por um grupo de rapazes que a ameaçavam. O estupro seria inevitável.

Dr. Bezerra (Espírito), vendo a cena, concentrou seu pensamento em Jesus e dirigiu a onda mental com alta carga vibratória sobre os agressores que seguravam a moça, que também em prece suplicava o apoio do Alto.

Sob a imantação mental que os colheu de surpresa, os agressores afrouxaram os membros e a jovem levantou-se do solo aonde fora arrojada, com as vestes rotas, chorando copiosamente. Dois deles, porém, voltaram à carga.

Dr. Bezerra, porque visse a certa distância uma viatura policial, recorreu a uma ação prática, própria para a circunstância: sintonizou com o motorista da Rádio Patrulha, chamando-o, mentalmente, com vigor. A viatura partiu em direção ao grupo, o que resultou na detenção de todos eles, evitando-se a consumação do atentado. (Obra citada, cap. 21)

De acordo com explicações do Espírito Bezerra de Menezes, a oração sincera imunizou a jovem contra o mal, mas não mudou totalmente seus necessários processos de evolução.

Conseguiu, com a ajuda espiritual, libertar-se dos estupradores e graças à rápida aflição experimentada, anulou grandes e futuros sofrimentos que lhe pesavam na economia da evolução por erros cometidos na área sexual e da prepotência que infelicitaram muitas pessoas em existência pregressa.

Sintetizando: num momento de provação bem suportada, liberou-se de largos testemunhos de dor e sombra no futuro. Foi um mal menor do que aquele que lhe sucederia se não tivesse passado e bem suportado aquela tentativa de estupro.

Autor: Fernando Rossit

Referências:

(1)-Nas Fronteiras da Loucura – Manoel P. Miranda/Divaldo P. Franco, Capítulo 21

(2)-http://www.espirito.org.br/ – Dr. Ricardo Di Bernardi

Originally posted 2017-01-12 09:31:05.