O Frio que Enregela a Alma
- Colunas
- 14/07/2019
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Não é incomum que só a aflição pessoal motive suficientemente o ser humano, alterando sua conduta perante o angústia do outro; não é raro que o tormento pessoal ou de alguém bem próximo sejam as únicas forças com energia para aquecer corações antes enregelados pela indiferença; que o martírio sentido na própria pele seja o maior incentivador daquele olhar que realmente enxerga, dirigido para os seres abandonados da sorte. Para muitos, somente quando isso acontece é que o sentimento de misericórdia nasce, então é que ocorre a percepção de que todos os gestos devem ser aquecidos pelo amor.
Aliás, no meio espírita é corriqueiro escutar a expressão “quem não vai pelo amor, vai pela dor”. Significa dizer que temos o direito de realizar o que quisermos, pois o livre arbítrio nos permite escolher. Todavia, quando escolhemos caminhos tortuosos ao invés dos caminhos da benevolência, decidimos aprender com as consequências muitas vezes dolorosas que nos visitarão no futuro, pois é da semente que se escolhe plantar que nascerá o fruto a ser colhido no amanhã.
Em outras palavras, seria melhor se despertássemos para a bondade já, se a visão da necessidade alheia tocasse as fibras de nossas almas e com ela nos tornássemos “pelo amor”, colaboradores de Deus.
Seria muito bom se nós, que já sentimos o frio na pele prenunciando o inverno que chegará em breve, pudéssemos lembrar como é bom estar aquecidos, e desse modo decidíssemos pela generosidade de doar desde a vestimenta que não nos serve mais até o cobertor comprado com objetivo de proteger um irmão. Seria… seria não, será! Será muito bom quando lembrarmos do sofrimento e não esperarmos que ele nos chegue para fazer recordar dos que já sofrem todos os tipos de necessidade.
Que o amor seja a nossa escolha, que nossa alma se aqueça no embalo da caridade e que nesse sentimento, saibamos estender as mãos.
Vania Mugnato de Vasconcelos