O Gigante do Evangelho – Primeira parte

Sidney Fernandes

A QUEM DEVEMOS O CRISTO?

Iniciamos hoje o primeiro de uma série de três textos sobre Paulo de Tarso, o apóstolo.

Não fora Paulo, não conheceríamos o Cristo, nem sua gloriosa mensagem de amor. Graças à sua fibra, dedicação, fidelidade e determinação, a mensagem cristã espalhou-se além dar cercanias do Mar Mediterrâneo. De igreja em igreja, de cidade em cidade, o convertido de Damasco inflamou corações e, com suas epístolas, tornou o cristianismo conhecido por todo o planeta Terra. A mensagem do Evangelho poderia ser sufocada e perecer, não fora a extraordinária veiculação que o convertido a ela imprimiu, dando-lhe caráter de universalidade.

O jovem Saulo, 30 anos, portava virilidade e beleza, temperamento indomável, agudo e resoluto e reprimia atividades que considerava perniciosas, oriundas dos seguidores de um pobre carpinteiro, no seu modo de ver, obscuro, inculto, originário da Galileia.

Na estrada para Damasco, quando para lá se dirigia a fim de algemar, prender, atormentar e talvez até matar Ananias — que o salvou, a mando de Jesus, da cegueira —, Saulo recebeu o apelo de Jesus, para que passasse a segui-lo e a pregar a sua palavra.

A voz daquela personagem iluminada, que somente ele ouviu, lhe fez perguntas e lhe passou instruções. Cego, levantou-se do chão e foi conduzido pela mão até Damasco.

Aquele fenômeno modificou totalmente o curso de sua vida, pois a partir dali cessou a sua violência criminosa e se iniciou uma nova era. Iniciou-se, então, a nova vida de Paulo de Tarso.

POR QUE JESUS ESCOLHEU PAULO DE TARSO?

— Por que o Cristo foi convocar um moço apaixonado e caprichoso, ferrenho defensor da Lei de Moisés? Qual a razão de aparecer para um perseguidor político-religioso, que não vacilava em torturar e matar, quando concluía que essas medidas extremas eram necessárias e oportunas? O moço de Tarso parecia mais um rochedo áspero, portador de um coração impulsivo e envenenado, um louco incapaz de ser piedoso diante de mulheres indefesas e crianças misérrimas.

Para tentar responder essas seculares perguntas, teríamos que conhecer o que o Cristo sabia e nós, até hoje, apenas podemos deduzir. Muito provavelmente, de longa data Jesus havia detectado no futuro rabino Saulo a energia, a determinação e a inflexibilidade, capazes de serem transformadas em lealdade e sinceridade, incondicionalmente consagradas ao serviço da mensagem cristã.

Para aquela fundamental missão, Jesus precisava de um homem culto, que falasse o grego, o latim e o hebraico e pudesse pregar em todos os lugares conhecidos. Nenhum dos doze discípulos tinha esse preparo. Além disso, Paulo era cidadão romano e podia viajar por todo o império, com todos os direitos que eram inerentes ao seu passaporte.

Jesus fechou os olhos para os espinheiros ingratos, estendeu suas mãos divinas sobre aquela ovelha perdida e a transformou no gigante do Evangelho, que a ele se entregou para sempre.

– CONTINUA NA SEGUNDA PARTE –