O Irresistível Impulso da Evolução
- Comportamento
- 05/05/2022
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Há problemas escaldantes e tormentosos ainda por resolver em nossa sociedade, que julga o delinquente pessoalmente responsável e como tal o pune, justificando-se com abstratas teorias de justiça, enquanto que só luta para o seu interesse e pode julgar e condenar porque se encontra na posição do mais forte e o outro na do mais fraco.
O primeiro crime é da sociedade que deixa que sejam gerados esses infelizes, deixando a geração livre a todos, para que nasçam também doentes físicos e mentais, inconscientes, irresponsáveis, loucos, criminosos etc., semeando sofrimento para si e para os outros. O primeiro crime é da sociedade, porque a ela antes de tudo interessa reprimir punindo os culpados, muito mais do que prevenir a culpa. Ela pode legalmente praticar em sua vantagem o desabafo do seu instinto de agressividade e imposição para dominar, já que prevenir, de modo que os crimes não se realizem, custa esforço, sacrifício, exige amor, necessários para melhorar o ambiente, para substituir as condições de vida inferior em outras mais adiantadas, onde o mal não pode nascer.
Assim, quem é condenável é antes de tudo a sociedade que pune as suas culpas somente em alguns indivíduos que são o efeito delas. A realidade é que o nosso mundo ainda não sabe se conduzir com inteligência dirigindo os fenômenos fundamentais da sua vida. Teremos assim de examinar, mais em profundidade, o problema e penetrar o mistério da personalidade humana, sem o que nada se pode resolver. Eis a dura realidade. Quantos problemas terá de resolver a nossa sociedade, antes que possa chamar-se civilizada! O homem atual resolve os seus problemas empiricamente, sem suspeitar que está obedecendo a impulsos do seu subconsciente, julgando sem conhecimento da lógica das leis que Deus escreveu em todas as coisas. Mas pode imaginar-se maior absurdo que este método pelo qual um ser sedento de felicidade vai de contínuo construindo com as mãos as suas dores. O método das rivalidades e da luta leva consigo a necessidade de vencer e neste nível a vida deve ser uma conquista contínua, baseada na força. Convivência pacífica, que não seja em função do domínio de um vencedor, não é possível.
Hoje se fala de paz, intensificando a corrida armamentista. Primeiro a astúcia diplomática, e atrás dela, prontas as armas, para saltar em cima da outra parte, logo que esta der um sinal de fraqueza. Eis que o resultado final do método atual tende fatalmente, pela sua própria natureza, à destruição de todos, vencedores e vencidos, à paz do cemitério, que representa o triunfo da negatividade do AS.
Eis o que são as vitórias humanas, porque cada uma delas representa um desequilíbrio conquistado à força, uma violação da harmonia universal e, por isso, um débito a pagar à justiça da Lei. Assim, a História não é senão uma série de guerras, vitórias, débitos e sofrimentos a pagar. Quem vence é a justiça de Deus, que constrange todos a pagar. Ele deixa sempre um novo vencedor triunfar, utilizando-o como instrumento para punir o velho vencedor, agora vencido. Assim em rodízio, todos ficaram envolvidos no mesmo ciclo. Deste modo, cada um paga os seus pecados e, acima de todas as injustiças humanas, filhas do uso da força, triunfa com o sofrimento, por todos merecido, a justiça de Deus.
Tal será o destino do mundo, enquanto ele não acabar com tal método de vida e, não cometendo mais injustiças, não precisar mais de ser punido.
O homem terá muito trabalho e incríveis dores para chegar a entender que existe uma Lei que tudo dirige, que ninguém pode sair dela e, por fim, se o ser quiser acabar de sofrer, tem de aprender a movimentar-se dentro dela com inteligência, obedecendo-lhe e não se chocando com ela a cada passo.
Assim o nosso mundo, apoiando-se na sua ignorância da existência e presença de Deus imanente e de Sua Lei funcionando entre nós, acredita ter resolvido os seus problemas simplificando-os no nível mecânico animal, e que esta possa ser uma solução certa e permanente. Há, porém, o irresistível impulso da evolução, ao qual cabe realizar fatalmente a transformação do involuído em evoluído; impulso que arrasta tudo, porque representa a própria vontade de Deus, que exige e garante a nossa salvação, mesmo que isto deva custar ao homem, para que ele aprenda a lição necessária, o ter de sofrer todas as dores que tiver merecido.
Pietro Ubaldi (Deus e o Universo)