O Maior Acidente Aéreo do Brasil
- Doutrina Espirita
- 11/10/2020
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O Voo Gol 1907 (ICAO: GLO 1907) foi uma rota comercial doméstica, operada pela Gol Linhas Aéreas Inteligentes, utilizando um Boeing 737-8EH. Em 29 de setembro de 2006, a aeronave partiu do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, com destino ao Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, e previsão de uma escala no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Enquanto sobrevoava o estado de Mato Grosso, colidiu no ar com um Embraer Legacy 600. Todos os 154 passageiros e tripulantes a bordo do Boeing 737 morreram após a aeronave se despedaçar no ar e cair em uma área de mata fechada, enquanto o Legacy, apesar de ter sofrido danos graves na sua asa e estabilizador horizontal esquerdo, pousou em segurança com seus sete ocupantes não lesionados, na base Aérea do Cachimbo.
Neste que foi o maior acidente aéreo ocorrido no Brasil, com 154 mortos, focamos nossa atenção em um dos “sobreviventes”, Wellington Pípolos, consultor de empresas, que desistiu do vôo 1907, da Gol, pelo excesso de escalas, remarcando a passagem para o dia seguinte. Em entrevista, Wellington mencionou ser esta a segunda vez que ele desiste de um vôo que se envolve em acidente (em 2004, ele deveria estar num avião da Rico, que caiu em Manaus e vitimou 33 pessoas.
Situações como esta, nos fazem pensar: existe acaso? Por que alguém que deveria estar num evento fatídico, de repente, desiste ou é “impedido” de estar naquele local e momento? Na crônica popular, há casos de pessoas que foram “aconselhadas” por uma voz interior, dizendo: – Não vá! Outras, sem qualquer razão aparente, mudam de ideia, sem mesmo justificar para si ou para os circunstantes. E há, ainda, aqueles que sofrem atrasos involuntários (furou um pneu, esqueceu um documento e teve de voltar, etc.). O imaginário e a crendice popular apontam para “mensagens de anjos”, “proteção de santos”, “milagres”, ou coisas do gênero.
Para o Espiritismo, no entanto, a situação não é acidental, nem, tampouco, obra do acaso, já que o único “acaso” aceito pela Doutrina Espírita, é o inteligente. Não há, na filosofia espírita, espaço para “sorte” ou “azar”, “ventura” ou “maldição”, e cada ser vive o que está contido na Lei de Causa e Efeito, uma diretriz inteligente que, longe de ser absoluta e pré-determinada (inafastável) para todas as circunstâncias, nos coloca no ponto de partida e de chegada de todas as situações que conosco ocorrem, nesta e em outras encarnações.
Mesmo considerando o chamado “planejamento encarnatório”, feito ainda no plano espiritual e com, em regra, nossa anuência, o direito (inalienável) ao livre-arbítrio possibilita a alteração do plano, em virtude de nossas escolhas presentes. Podemos dizer, assim, que há “tendências”, “caminhos”, “diretrizes”, mas, no plano concreto, somos nós quem tomamos as decisões, sempre. Também, a presença de mentores espirituais (anjos de guarda ou protetores) para cada um de nós, em missão de orientação particular, em relação a cada espírito, e o que chamamos de “intuição”, “sexto sentido”, ou, “voz interior”, é, na verdade, a sugestão (não-indução) de alguém que “nos quer bem” e que “deseja o nosso sucesso”, para que possamos tomar as “melhores” decisões, caso a caso. O protetor, contudo, não interfere em nossas escolhas e, quando resolvemos fazer “o que bem entendemos”, ele se afasta, momentaneamente, retornando após, para continuar a sua tarefa.
Nosso amigo provavelmente deve ter sido “aconselhado” a não embarcar, inclusive com o argumento do “excesso de escalas”, evitando seu envolvimento no evento fatídico. Não havia, em seu “plano”, a “previsão” do desencarne violento, mas, se ele tivesse decidido embarcar, seu planejamento seria refeito, e uma possível morte iria compor novas contingências espirituais, com seu aprendizado.
Se, do contrário, por um “milagre” (provocativamente, assim falando), ele sobrevivesse, estaria demonstrado, a priori, o que diz o dito popular (“não era a sua hora”), expressão curiosa mas significativa, porque, expressa que a vida – e os realinhamentos, em virtude de nossas ações ou omissões, escolhas e decisões – não obedece a nenhum acaso. Tudo se encadeia, na trama de ações e reações de nossas existências, colocando-nos, sempre, na posição de “atores principais” do cenário de nossas vidas.
Marcelo Henrique Pereira, Mestre em Ciência Jurídica.
Secretário para a Promoção da Juventude e Delegado da Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA). Presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo de Santa Catarina (ADE-SC)