O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?
- Colunas
- 18/09/2020
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Uma vez mais estamos vivenciando o término de mais um ano do calendário civil, e consequentemente a iminência de iniciarmos outro.
E porque a esperança é um sentimento íntimo natural do ser humano nossa expectativa é de que o futuro será melhor, que coisas boas acontecerão, mais alegrias e mais felicidades se concretizarão, e os males vivenciados não se repetirão. Sonhamos com um mundo melhor para se viver.
O título deste ensaio é a transcrição da questão mil e dezenove, a última de O Livro dos Espíritos, e a resposta dada é de autoria do espírito São Luiz, que passamos a analisar abaixo, em termos do futuro que nos espera. Em itálico negritado está a resposta do Orientador Espiritual.
– O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons predominarem sobre os maus; então eles farão reinar na Terra o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. Pelo progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus; mas os maus só a deixarão quando o homem tiver expulsado de si o orgulho e o egoísmo.
De imediato se estabelece, nas palavras de São Luiz, a responsabilidade pessoal de cada espírito vinculado ao planeta, melhorando-se para melhorá-lo, tornando-o pacificado e aprazível para se viver. Teremos que desenvolver a coragem de sermos bons, sobrepondo-nos aos maus pelo exemplo do comportamento moralizado, sufocando o orgulho e o egoísmo e todas as mazelas decorrentes destes. Será necessária enfim a atividade constante no bem, e jamais a inércia improdutiva provocada pela esperança infantilizada.
Segue o Orientador:
A transformação da humanidade foi anunciada e é chegado o tempo em que todos os homens amantes do progresso se apresentam e se apressam, porque essa transformação se fará pela encarnação dos Espíritos melhores, que formarão sobre a Terra uma nova ordem.
O progresso é de ordem natural, e já existem no planeta Terra alguns países com avanços sociais tais que, destacando-se da maioria, proporcionam, aos seus habitantes, condições de vida ainda inimagináveis para nós outros. São exemplos para os que se demoram na retaguarda. Espíritos desajustados socialmente são exceções e quase não fazem mais parte de suas populações.
Na sequência São Luiz nos fala da destinação dos espíritos que estagiam no mal:
Então, os Espíritos maus, que a morte vai retirando a cada dia, e aqueles que tentam deter a marcha das coisas serão excluídos da Terra porque estariam deslocados entre os homens de bem dos quais perturbariam a felicidade.
Eles irão para mundos novos, menos avançados, desempenhar missões punitivas para seu próprio adiantamento e de seus irmãos ainda mais atrasados. Nessa exclusão de Espíritos da Terra transformada não percebeis a sublime figura do paraíso perdido? E a chegada à Terra do homem em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os traços de sua inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original? O pecado original, sob esse ponto de vista, se refere à natureza ainda imperfeita do homem, que é, assim, responsável por si mesmo e por suas próprias faltas e não pelas faltas de seus pais.
É a lei de Ação e Reação em andamento, encaminhando cada um segundo suas próprias obras, protegendo aqueles que não devem mais permanecer ao lado dos desequilibrados para não serem atingidos indevidamente.
É ainda a lei de Amor que situa cada espírito onde tenha condições de progredir, segundo sua própria condição, evitando-se endividamento ainda maior.
Finaliza o Benfeitor:
Todos vós, homens de fé e boa vontade, trabalhai com zelo e coragem na grande obra da regeneração, porque recolhereis cem vezes mais o grão que tiverdes semeado. Infelizes aqueles que fecham os olhos à luz. Preparam para si longos séculos de trevas e decepções; infelizes os que colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão mais privações do que os prazeres de que desfrutaram; infelizes, principalmente, os egoístas, porque não encontrarão ninguém para ajudá-los a carregar o fardo de suas misérias.
O incentivo proporciona o fortalecimento da esperança, e o alerta conscientiza sobre os resultados produzidos pelas opções comportamentais menos felizes.
Analisando pergunta e resposta, fica patente a responsabilidade de cada um de nós na construção de um futuro melhor, para nós e para o planeta, com a certeza de que não nos faltam exemplo e socorro, tanto quanto não nos faltam esclarecimentos sobre o que fazer.
É nesse campo que, no Ano Novo e por todo o sempre, deveremos nos engajar como os trabalhadores da última hora, tornando-nos dignos do salário a ser recebido.
Pensemos nisso.
Antonio Carlos Navarro