– Orson Peter Carrara

Mesas girantes  

Todo o senso pedagógico de Kardec aparece com muita transparência e lucidez na Introdução de O Livro dos Espíritos. A partir do item III da citada introdução, o Codificador adentra na velha questão que precisa ser compreendida em sua essência para não haver confusões de entendimentos. Recomendo ao leitor buscar esse item na obra citada.

Em síntese trata-se de movimentos que se iniciaram na América (inclusive no Brasil) e posteriormente na Europa, sendo, porém, que a história prova que tais fenômenos remontam à antiguidade. Como pondera o Codificador, eram ruídos, pancadas e movimentações de objetos em circunstâncias bem estranhas – pois que desconhecido o fenômeno gerador – e que se espalharam. Levantaram incredulidade, mas a constância de tais ocorrências não permitiu que se levasse para o campo do fanatismo ou da leviandade (embora isso ocorresse no início) e sim despertasse pesquisas sérias para conhecer as causas.

É aí que entra o Prof. Rivail (mais tarde Allan Kardec), que observou que tais ocorrências não se limitavam apenas a movimento de objetos, mas demonstravam uma causa inteligente que se notava nas variadas circunstâncias em que se apresentavam. Muitas causas de origem nas leis físicas conhecidas poderiam explicar tais fenômenos. E aqui os preciosos parágrafos do citado item da Introdução ampliarão o raciocínio dos leitores. Para não ficar meramente em transcrições, recomendo leitura integral do já mencionado item III (com apenas pouco mais de duas páginas) na Introdução do livro.

Chamado a observar os fenômenos, Rivail percebeu que havia algo mais na chamada danças das mesas ou mesas girantes. Foi descartando uma a uma as possibilidades para explicação pelas leis da matéria (físicas, químicas, entre outras) e mesmo considerando todas as possíveis tentativas de fraudes. Fez atentas e contínuas observações, inclusive com testes e constatou pela existência de seres invisíveis que se auto denominaram de Espíritos, ou seja, homens e mulheres habitantes de outra dimensão, o mundo espiritual antes e pós vida material no planeta, guardando todas as características das bagagens intelectuais e morais, habilidades próprias dos seres humanos. Constatou, com evidências e rígido método científico de observação – o fenômeno se explicou – que os Espíritos são pessoas, apenas desvestidos do corpo material, em diferentes gradações de conhecimento e moralidade. E que mantém estreito e permanente contato com aqueles que estão revestidos do corpo material pelo atributo da mediunidade, comum a todas as criaturas humanas, embora variáveis em sua forma de apresentação e grau de percepção.

E daí nasceu a Doutrina Espírita com a publicação de O Livro dos Espíritos. Isso em 18/04/1857, em Paris, na França, espalhando-se posteriormente para o mundo todo, sendo a obra traduzida para vários idiomas e que continua nas demais obras da chamada Codificação Espírita. E como o próprio nome diz é fruto de uma organização didática do assunto. Ele, o professor que adotou o pseudônimo de Allan Kardec, organizou os ensinos que pôde colher nesses contatos que teve com os Espíritos e como fruto de suas laboriosas observações.

Mas para bem entender isso, é preciso ler a Introdução da obra citada. Dispensar essa leitura ou simplesmente ignorá-la é perder a oportunidade de conhecer tais origens, o que vai levar o leitor desatento ao fanatismo e mesmo à incredulidade, por mero desconhecimento.

Referida Introdução é riquíssima. Usei o item III, mas o texto completo que introduz o livro é muito valioso e sua própria sequência, item a item, leva o leitor a compreender com exatidão o que é e como surgiu o Espiritismo, para que não tenha opiniões preconcebida e muitas vezes preconceituosas.

O item VI, por exemplo, traz uma síntese do ensino dos Espíritos. São 17 itens, podendo ser refletido isoladamente, mas profundamente ligados na sequência entre eles.

Busque, pois, esse texto introdutório. Vale dizer que o Espiritismo não é invenção, criação ou imaginação de Allan Kardec. Ele é fruto de atenta observação do fato da sobrevivência da alma e suas comunicações via faculdade comum a todos nós.

Não se deixe levar por opiniões levianas. Vá ao texto original e conheça as prodigiosas observações do pedagogo que mais tarde usou o pseudônimo de Allan Kardec.

Os fatos e desdobramentos estão muito além das chamadas Mesas Girantes.

A propósito dessa ocorrência no Brasil, sugiro verem o vídeo de apenas 19 minutos, que o leitor deve pesquisar no google/vídeos desta forma: MESAS GIRANTES NO BRASIL- Luciano Klein – apenas 19 minutos ou pelo link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=pSXsdlvfzbI