Prefira Viver
- Colunas
- 04/10/2019
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“A calma e a resignação adquiridas na maneira de considerar a vida terrestre e a confiança no futuro dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio”. Allan Kardec
Não devemos minimizar as razões que levam uma pessoa a buscar a morte antes do tempo. Só a própria pessoa é capaz de avaliar o peso que carrega, a dor que sente, o vazio que experimenta, a desesperança que a atemoriza. Não se trata de julgar se a procura pela morte é coragem ou covardia, pois, de fato, a decisão de morrer nasce de motivações internas que somente quem as vive pode avaliar.
Isso, contudo, não torna a morte antecipada um ato mais nobre ou correto. A dor pode explicar, mas não justifica o abandono de si mesmo nem soluciona o problema que levou a tal escolha, ao contrário, agrava a situação. A questão é que na vontade de morrer existe o engano terrível de que através do fim da vida carnal, a pessoa escapará do que a tortura, pondo fim às angústias que sente.
O erro, pior do que se pode imaginar, é percebido, imediatamente, após a consumação do ato: a destruição do envoltório material não cessa a vida espiritual, e a pessoa não deixa de sentir o que sentia antes da aniquilação do corpo que a aprisionava.
Havendo fim apenas para a vestimenta provisória a que chamamos corpo, a vida espiritual, moral e intelectual, continua vigorosa; não há fuga de si mesmo ou das experiências necessárias ao próprio desenvolvimento, de tal modo que se somam às dores do passado recente e do futuro antecipado.
Quem entende essa realidade, racionalmente, explicada pelo Espiritismo, sabe que a existência se prolonga, indefinidamente, no além-túmulo, que tudo que se é e sente, vem de dentro de si e, não existindo fim, sentirá o mesmo, posteriormente. Para evitar o pior, devemos praticar a paciência e a resignação, no exercício da coragem moral que nos permite vencer um dia de cada vez.
O mundo é complexo e nem sempre se veem motivos para continuar. Mas é imperioso compreender que cada ação tem consequência; é urgente que se faça uma conscientização geral sobre as graves implicações espirituais do suicídio, das dores dos familiares, do impacto da violência à própria natureza, conhecimento que ajuda a diminuir a incidência desse crime.
Morrer não apaga a dor.
Busque ajuda, converse a respeito.
Prefira viver.
Vania Mugnato de Vasconcelos