Quem Inventou a Reencarnação?

Sidney Fernandes

O Espiritismo enunciou a reencarnação como lei divina que disciplina a jornada evolutiva do espírito, com experiências que se repetem na Terra, até que ele possa viver em planos mais adiantados. Não a inventou, apenas a enunciou.

É uma doutrina filosófica, com bases científicas e consequências religiosas. A crença reencarnacionista poderá ser encontrada em fundamentos desses três aspectos da Doutrina Espírita: religioso, científico e filosófico.

Vamos encontrar os fundamentos religiosos da reencarnação na Bíblia, como, por exemplo, na identidade de Jesus.

O povo judeu aguardava um salvador. Mas, como identificá-lo em Jesus, se as profecias anunciavam que Elias, um dos grandes profetas dos judeus, teria que vir antes para anunciá-lo?

O próprio Jesus ensejou essa identificação, quando estava nas proximidades da cidade de Cesareia de Filipe, ao perguntar aos discípulos:

– Que dizem os homens com relação ao Filho do Homem? Quem dizem que eu sou?

Eles lhe responderam:

– Dizem uns que és João Batista; outros que és Elias; outros, que és Jeremias ou outro profeta.

— É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas; mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. É assim que farão sofrer o Filho do Homem.

Então seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara.

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O Prof. Hemendra Nath Banerjee nasceu na Índia em 1929 e faleceu em 1985. Foi um dos mais destacados pesquisadores sobre a reencarnação.

Vejamos um dos casos apresentados por Banerjee.

A Menina Mohini, de 9 anos, de Punjab, Índia, jantava com seus pais quando, inesperadamente, começou a falar da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.

—Já morei lá — disse ela.

Banerjee pesquisou. Esteve em Nova Iorque, onde encontrou a família descrita pela menina e confirmou os pormenores da história.

Voltando à Índia, levou fotografias de pessoas da família, já falecidas, misturadas com as de pessoas desconhecidas. Mohini viu as fotografias e selecionou exatamente os membros da família que dizia ser a sua.

Temos aqui uma evidência da reencarnação, que foi exaustivamente pesquisada por um cientista de renome.

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Se os argumentos religiosos e científicos podem eventualmente ser contestados ou desacreditados, os filosóficos são irrefutáveis. Certa ocasião uma senhora indagou a um conhecido sacerdote, que aliás merece todo o meu respeito e admiração, pelo discernimento e contribuição que tem dado aos seus fiéis:

— Padre, por que minha neta nasceu com Síndrome de Down?

— Minha filha — respondeu o pároco —, as famílias se reúnem em torno dessas criaturinhas e se tornam mais fraternas e solidárias.

— Sim, eu sei disso — disse a idosa. Mas, não foi isso que perguntei. Quero saber por que na minha casa e não na casa do meu vizinho.

Nesse momento, cresceu toda a minha consideração por esse religioso, pois ele teve a coragem de dizer:

— Isso eu não sei responder.

Com certeza esse sábio e estudado padre conhece a reencarnação e deve ter lido muito sobre a lei de causa e efeito. No entanto, seus votos eucarísticos impediram-no de externar seu pensamento.

Justiça divina

A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus e que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros através de novas experiências

A razão nos impõe a ideia da reencarnação. Sábios, tanto do passado como da atualidade, veem nela a única explicação factível para as dores e diferenças entre os homens e o meio pelo qual poderão promover a sua evolução.