Reencarnação, sempre um novo fato
- Colunas
- 30/03/2020
- 11 min
- 1.742
Há algum tempo atrás, durante uma reunião de familiares nossos em torno de um jantar, presenciamos o seguinte desabafo de uma das mulheres da família:
– Meu marido me deu muito trabalho durante toda nossa vida conjugal, e sofri muito com ele. Foi sempre muito difícil conduzir a vida; vivi quase que exclusivamente para ele.
Insistiu por longos minutos sobre o peso da vida conjugal, que na ocasião ainda estava em vigência, decorrente do comportamento do marido, dependente do álcool e do tabaco, e que hoje se encontra no Mundo Espiritual.
Em família, todos nós conhecíamos sua rotina, e seu desabafo não era sem razão.
Interessante é que depois de alguns lamentos e suspiros ela disse:
– Na próxima vida não vou querê-lo mais como marido. Não quero mais essa vida para mim novamente. Já sofri demais com ele.
Calou-se por alguns instantes, como a meditar, e voltou a falar:
– Mesmo que Deus queira que eu venha com ele, não vou aceitar.
Tornou ao silêncio, deixando-nos na expectativa do que ainda viria, se é que haveria desdobramento, mas este aconteceu, para nossa maior surpresa:
– Está bem, quando Deus quer, o que se há de fazer, é preciso obedecer; eu venho com ele novamente em outra vida, e torno a me casar com ele, mas com uma condição: que eu venha como homem e ele como mulher.
Todos os presentes riram muito da conclusão daquele desabafo.
Bem, com esse posicionamento ela não só admitia a vida futura, a reencarnação, como também um novo planejamento de vida, com exemplar submissão a Deus.
Particularmente o diálogo nos chamou a atenção por um simples detalhe: ela é profitente de um dos mais ortodoxos ramos do movimento evangélico e jamais admitiu postulados como o da reencarnação, ou qualquer postulado ou orientação espírita.
Analisemos a situação sob a ótica espiritual.
Em nossas consciências estão as Leis Divinas, que independem de nossas convenções, sejam culturais ou religiosas, embora estas possam, por períodos mais ou menos breves, sufocá-las em alguns de seus aspectos.
Em função do progresso espiritual ao qual estamos submetidos, para o nosso próprio bem, mais cedo ou mais tarde emergem de nosso íntimo, estados conscienciais que nos chamarão à atualização de nossos conceitos, com os conseqüentes ajustes em nosso modo de entender e viver a vida.
O amadurecimento é questão de experiência e tempo e sempre acontece.
Aquela Senhora não percebeu, mas a Deus está trabalhando para adequá-la a novos estágios de conhecimento das Leis que regem nossas vidas e Ele o faz sutilmente, sem constrangimento ou imposições, amorosamente, enfim, como o faz com todos os seus filhos.
Daquele episódio, para nós outros, ficou uma lição, que é o exemplo de submissão à vontade de Deus dada por ela. Não é necessário sabermos se o sofrimento de hoje é prova pedida, ou expiação imposta, cuja origem estaria em vidas passadas, mas sim nos prestarmos, humilde e inteligentemente, à vivência do dia a dia sem nos comprometermos ainda mais perante a Lei de Deus.
Aos nossos ouvidos espíritas, ecoam a voz dos Espíritos Superiores nos aconselhando a obediência e a resignação que, convenhamos, não é nada fácil implantar em nós, mas é perfeitamente possível, como nos mostrou aquela Senhora, que não conhece o que conhecemos, mas que põe em prática algo que, às vezes, temos muitas dificuldades para fazê-lo.
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro
Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <http://www.psicologaignezlimeira.com.br/wp-content/uploads/2016/01/casal-brigando-2-570×350.jpeg>. Acesso em 07JUN2016.