Um Raio Atinge uma Mulher na Praia. Seria Destino?

Quando o novo ano inicia costumamos desejar que ele seja melhor em todos os aspectos. Mas como saber exatamente o que irá acontecer?

Impossível, quase impossível.

O ano novo não será melhor se não mudarmos nosso modo de ser.

As mesmas ações do ano que se foi terão sempre os mesmos resultados.

Toda ação é livre, mas as consequências, não.

Somos livres para escolher, entretanto o resultado de nossas ações determinam o tipo de destino que vamos ter.

Muitos pensam que tudo acontece segundo a vontade de Deus; que não cai uma folha se não for Sua vontade.

Vamos interpretar isso?

Existe, sim, uma Lei única e imutável, absoluta, que rege o Universo. Ela é responsável pela harmonia e equilíbrio de tudo. No entanto, Deus nos concedeu o livre-arbítrio, o que possibilita agirmos conforme a nossa vontade, para nosso bem ou para o mal.

Ocorre que quando nos desviamos da grande Lei, haverá consequências tendentes a nos colocar novamente nos eixos, no fluxo de Sua condução harmoniosa que nos levará à correção dos erros cometidos e ao equilíbrio. Se não fosse assim, o caos total destruiria a criação.

Mas não existe destino?

Se você considerá-lo como consequência dos atos anteriores, existe sim.

Mas como alguma coisa programada e determinada por “algo superior”, irremediável, não!

Podemos mudar a todo instante o curso de nossa história com novas ações e decisões: podemos mudar de cidade, separar do cônjuge, pedir demissão do emprego e buscar outro, trocar de religião etc etc

Quem constrói o nosso destino, portanto, somos nós mesmos.

Mas e os acidentes, as mortes violentas, os assassinatos, os terremotos, a violência em geral que, apesar de todos os cuidados que possamos ter para evitar, nos alcançam quase a todo instante?

Aqui a análise se desdobra, mas sem contrariar em nada a Lei Universal.

Depende das circunstâncias e dos fatos que foram determinantes para a ocorrência dos desastres e mortes.

Vivemos num mundo de matéria muito grosseira onde qualquer acidente ou doença poderá levar à morte. Conclusivamente, a vida aqui na Terra, por si só, já é uma expiação para os Espíritos (ver questão 132 de O Livro dos Espíritos).

Dessa forma, mesmo se formos prudentes e atentos, muitas ocorrências desastrosas podem nos alcançar pois habitamos a Terra, mundo ainda inferior – sujeitos, portanto, às suas produções materiais e espirituais condizentes com o nosso nível de evolução – que é, sem sombra de dúvida, muito inferior.

Se estivermos mergulhados numa panela de pressão, estaremos, inevitavelmente, sujeitos à pressão e temperatura da panela.

Pois bem, estamos reencarnados num planeta de provas e expiações e ninguém foge disso.

Alguns pessoas criam seu próprio céu, um céu particular de falsa tranquilidade e isolamento, com o propósito consciente ou não, de se livrarem dos percalços e aflições da vida.

Infelizmente esse céu particular, muitas vezes, exclui o amor e a ajuda que poderiam oferecer aos que mais sofrem.

É como se fosse um esconderijo para evitar as dores do mundo.

Ledo engano. Um dia o tsunami vem e leva tudo.

É claro que devemos estar atentos e não foi por acaso que Jesus nos conclamou à prece e à vigilância, mas sem as dores do mundo não evoluímos, ou pouco evoluímos.

“A dor faz a evolução, assim como a evolução anula progressivamente a dor”. (2)

Um raio atinge a cabeça de uma mulher que está caminhando na praia. Isso é fatalidade?

(Veja que poderá ser a mulher hipotética da família do céu particular!)

Temos que considerar que poderá sim ser algo programado, mas não podemos asseverar categoricamente que foi algo que teria que acontecer inevitavelmente (morte programada). Como sempre, retornamos à questão que estamos num mundo inferior que é, por enquanto, a moradia que podemos ter.

Definitivamente o acaso não existe. Existe uma Lei que permeia e comanda o mundo físico e espiritual.

O raio caiu por uma causa puramente física, mas a pessoa que está por lá passando poderá ter sido intuída para estar lá naquele momento, caso tivesse que desencarnar.

Vejamos o que dizem os Espíritos:

Questão 527 : …. Um homem TEM que morrer fulminado pelo raio. Refugia-se debaixo de uma árvore. Estala o raio e o mata. Poderá dar-se tenham sido os Espíritos que provocaram a produção do raio e que o dirigiram para o homem?

Resposta:…”O raio caiu sobre aquela árvore em tal momento, porque estava nas leis da Natureza que assim acontecesse. Não foi encaminhado para a árvore, por se achar debaixo dela o homem. A este, sim, foi inspirada a ideia de se abrigar debaixo de uma árvore sobre a qual cairia o raio, porquanto a árvore não deixaria de ser atingida, só por não lhe estar debaixo da fronde o homem.”

Questão 528: No caso de uma pessoa mal-intencionada disparar sobre outra um projetil que apenas lhe passe perto sem a atingir, poderá ter sucedido que um Espírito bondoso haja desviado o projetil?

“Se o indivíduo alvejado NÃO tem que perecer desse modo, o Espírito bondoso lhe inspirará a ideia de se desviar, ou então poderá ofuscar o que empunha a arma, de sorte a fazê-lo apontar mal, porquanto, uma vez disparada a arma, o projetil segue a linha que tem de percorrer.”

Mas imagine que muitos raios estejam atingindo a praia naquela tarde. Uma pessoa ciente disso que ali caminhe porque entende que nada vai acontecer se não for por vontade de Deus, pode correr riscos sérios de morte. Aqui é que entra o livre-arbítrio: mesmo sabendo dos riscos se aventurou baseado numa fé cega, sem raciocínio. O acidente poderá levá-la à morte por imprudência.

Nossa conduta, então, é fundamental para evitarmos males maiores.

Autor: Fernando Rossit

-O Livro dos Espíritos – Allan Kardec

-A Grande Síntese – Pietro Ubaldi