“É mais fácil que um camelo passe
pelo buraco de uma agulha, do que
entrar um rico no reino dos céus”.
(Mateus, XIX, 16:24)
Na Terra, a infelicidade do ser humano está em grande parte localizada no dinheiro, no que falta e no que sobra.
Para algumas pessoas a baixa condição financeira transtorna a vida: falta comida, vestuário, educação, saúde, segurança, moradia, enfim, falta o que é necessário para viverem no aspecto material. Para algumas pessoas de melhor condição financeira, ao contrário, sobra: sobra egoísmo, orgulho, desperdício, ambição, relações sociais fúteis e pautadas naquilo que possuem.
Friso: “para algumas pessoas”, pois nem todas são assim.
Entre os que sofrem as restrições materiais, há os que mantém a dignidade e o esforço no trabalho construtivo, com fé em dias melhores e amor nos gestos humildes; mas há os que perdem a dignidade e se precipitam nos vícios e crimes, sejam de mão armada, na calada da noite ou usando colarinhos brancos, perdem-se na busca pela satisfação material que não conquistam por meios lícitos.
Entre os que possuem boas condições materiais, há os que tratam o próximo com respeito, criam empregos, contribuem com pesquisas cientificas, valorizam os benefícios sociais que podem multiplicar, cumprem seu papel de impulsionadores do desenvolvimento social; e há os que ambicionam mais e mais, que, corrompidos, também corrompem para ampliar suas vantagens a qualquer preço, seja em meio à fé ou a política, ao trabalho ou ao estudo.
Sempre digo, e o digo com pesar (esperando estar absolutamente equivocada!), que aqui na Terra quase todo mundo tem um preço, só lhes falta descobrir qual – felizmente esse preço também muda, conforme mudam os valores morais. Para alguns, a moeda que recebem a mais de troco e que não devolvem, é seu preço. Para outros, é o valor recebido como propina para realizar algo que não deveriam. Para outros ainda, são milhões, conforme sejam suas oportunidades. Mas estes são mais raros, quase sempre o ser humano se vende por muito pouco…
O mundo, há milênios, mostra-se cheio de problemas quase que absolutamente promovidos por questões financeiras, estas oriundas do egoísmo. Povos invadem povos, pessoas matam e roubam, sócios se traem, finge-se amores, famílias se despedaçam e tudo por causa de ambições, partilhas de bens, desejos de possuírem mais; sentimentos, moral, dignidade, caráter são valores facilmente esquecidos quando colocados ao lado de uma nota de dinheiro.
Não será tempo de mudarmos nossos valores e entendermos que meios não são fins? Que mais vale o amor de um amigo, de um irmão, ao preço de uma casa? Que da vida só se leva o que aprendemos e sentimos, o que somos? Nem mesmo o corpo é carregado como posse quando a morte chega! Por qual razão dividir, segregar, afastar, tomar, corromper, brigar por “coisas” que ficam, em detrimento de “pessoas” eternas? Teme-se a pobreza, mas Jesus falou que se Deus supre as necessidades da natureza, por que não supriria as nossas?… fé é mais do que achar que Deus existe, é confiar no que Ele faz.
Quero ter certeza dos meus valores e luto para não ser mais corrompida pela ambição de um mundo onde tudo gira em torno de “grana”… vocês não desejariam ter essa certeza, de que valem pelo que são e não pelo que possuem? Dignidade não tem preço e valores morais não se vendem.