Um Caso de Arrependimento
- Colunas
- 28/03/2022
- 11 min
- 3.448
Em uma das sessões mediúnicas do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier, de São José do Rio Preto, um Espírito se manifestou pela mediunidade de psicofonia relatando sua condição.
Disse sentir-se cansado e muito pesado, com muita dificuldade de movimentar-se. Percebia-se também uma falta acentuada de ânimo.
Questionado se tinha noção da causa de sua atual condição, disse que sim, e que a sua situação era decorrente do tipo de vida que experimentara em sua última encarnação. Voltado para a materialidade, tinha como premissa básica tirar proveito de tudo o que a vida física possa permitir ao sensório corporal, com pouca atenção aos valores do espírito imortal.
A conversa com o dialogador se estendeu um pouco mais, dando-nos uma oportunidade de reflexão.
A presença dele atestava que o socorro espiritual chegara, provavelmente em decorrência do “cair em si” após o desencarne, com a presença do arrependimento sincero.
Há mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos, que não tem necessidade de arrependimento, disse Nosso Senhor Jesus Cristo (1), mostrando-nos que o céu espera a decisão pessoal e trabalha pelo arrependimento da criatura humana, se alegrando quando este ocorre, porque essa é a condição necessária ao resgate do “pecador”.
A respeito do arrependimento os Espíritos Superiores responsáveis pela Codificação Espírita nos esclarecem, entre outras coisas, que (2):
– Se dá “Na vida espiritual; mas também pode ocorrer na física, quando chegais a compreender a diferença entre o bem e o mal.
– Tem como consequência “O desejo de uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o impedem de ser feliz e por isso anseia por uma nova existência em que poderá reparar suas faltas”.
– Se não reconheceu suas faltas na vida corporal, na vida espiritual “sempre as reconhece, e então sofre mais, porque sente todo o mal que fez ou de que foi causa voluntária. Entretanto, o arrependimento nem sempre é imediato. Há Espíritos que teimam nas inclinações negativas, apesar dos seus sofrimentos; mas, cedo ou tarde, reconhecerão o caminho falso, e o arrependimento virá. É para esclarecê-los que trabalham os bons Espíritos, e vós também podeis trabalhar nesse sentido”.
– “A reparação ocorre durante a vida física pelas provas a que o Espírito é submetido, e na vida espiritual pelos sofrimentos morais ligados à inferioridade do Espírito”.
“Toda queda moral nos seres responsáveis opera certa lesão no hemisfério psicossomático ou perispírito”, ensina o Benfeitor André Luiz (4), e como a queda moral é assinalada pela consciência, pois que é onde está escrita a Lei de Deus (3), o estado mental correspondente sempre será refletido no corpo perispiritual, daí a sensação de peso e cansaço experimentados pelo nosso irmão da sessão mediúnica.
Tanto ele quanto nós tivemos, com a oportunidade do intercâmbio mediúnico, condições de dilatar um pouco mais o entendimento das Leis que regem nossas vidas, através do conhecimento da verdade. Aquela, que o Senhor Jesus anunciou como sendo a portadora de nossa liberdade (5).
Pensemos nisso.
Antônio Carlos Navarro
Referências:
(1) Lucas 15:7;
(2) O Livro dos Espíritos, questões 990 a 1002;
(3) O Livro dos Espíritos, questões 621;
(4) Evolução em Dois Mundos, André Luiz e Francisco C. Xavier, cap. 35;
(5) João 8:32.
Obs.: Negritos são do autor do ensaio.