Vencendo a Dor
- Colunas
- 02/05/2024
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Sidney Fernandes
Com a dor, de fora para dentro, provocada pelas responsabilidades que criou para si mesma, a alma refunde-se, pouco a pouco, de dentro para fora. Os sacrifícios do temporal de provações poderão outorgar ao espírito o passaporte libertador que ele não adquiriu ao desprezar as inúmeras oportunidades que o plano espiritual lhe ofereceu, durante várias existências.
O que é, aparentemente, para o sofredor, castigo divino, nada mais é do que a colheita da plantação que lhe pertence. Na mesma leira de terra dadivosa e neutra, quem acalenta a urtiga recolhe a urtiga que fere, e quem protege o jardim tem a flor que perfuma. O solo da vida é idêntico para nós todos. No entanto, embora o enigma da dor dilacere o coração, jamais houve criatura esquecida pela Divina Bondade.
Os ciclones da dor regenerativa têm poderes para purificar os caminhos evolutivos e circunscrever as manifestações do mal. Onde estiver e como estiver, o espírito, encarnado ou desencarnado, que gastar o que lhe não pertence, estará recebendo os empréstimos do Eterno Pai para a própria sublimação no conhecimento e na virtude. Todavia, será fácil perceber, quando nos tocar a razão, que deveremos prestar contas do que recebemos, mesmo porque não há progresso sem justiça na aferição de valores.
No uso ou no abuso das reservas da vida, que representam a propriedade de Deus, cada alma estará criando, na própria consciência, os créditos e débitos que lhe atrairão, inelutavelmente, as alegrias e as dores, as facilidades e os obstáculos do caminho. Quanto mais amplitude em nossos conhecimentos, mais responsabilidade em nossas ações.
Estes textos de André Luiz sintetizam os cuidados que devemos ter com a vida, bem como servem de alerta para que aproveitemos as oportunidades que a experiência terrena nos oferece. Não há razão para o sofrimento, quando fazemos o balanço diário em nossa existência, procurando detectar onde estamos errando e quais pontos fracos de nossa personalidade devemos superar.
Mentores espirituais incomodam-se com nossos sofrimentos físicos, mas sensibilizam-se muito mais com nossos sofrimentos morais, porquanto aqueles são passageiros e quase sempre cessam, quando deixamos o vaso físico. Os sofrimentos morais são mais complicados, pois podem perdurar além da vida e ressurgir em nova existência.
Daí a necessidade do estudo, da oração e da reflexão, em busca do equilíbrio e da sintonia com nossos protetores espirituais. Quando esse conjunto de providências de autoconhecimento e autovigilância funciona, criamos um verdadeiro preservativo contra o sofrimento e de defesa das vulnerabilidades físicas e espirituais. Que na nossa vida a dor deixe de ser necessária para corrigir ou prevenir nossos enganos.
Para descontrair, fiquemos com esta divertida frase de Mark Twain:
Vivamos de tal forma que, quando morrermos, até o agente funerário sinta saudades.