A Coragem do Codificador – por Sidney Fernandes
- Colunas
- 04/09/2019
- 11 min
- 535
Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br
No século XIX, um renomado escritor, professor e tradutor, pronunciou palavras que inquietaram os profitentes das ideias que havia reunido e codificado e incomodaram o meio intelectual da sua época. Esse homem era o Professor Rivail, já investido da personalidade do codificador Allan Kardec. Para alguns, parecia um imprudente. Para outros, um arguto escritor que antecipava uma saída honrosa. Para a maioria, no entanto, um corajoso, que sopesava bem a importância da mensagem que enunciava e se antecipava às futuras descobertas.
— O espiritismo, marchando com o progresso, jamais será ultrapassado porque, se novas descobertas demonstrassem estar em erro sobre um certo ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará[1].
Com o advento do Espiritismo, a filosofia, a ciência e a especulação religiosa pronunciaram-se seguida e repetidamente, durante um século e meio, buscando provar que as ideias espíritas eram originalmente natimortas e estavam destinadas a fragorosa queda e esquecimento. Nem Kardec, ou o mais otimista dos adeptos da terceira revelação, poderia imaginar que a Doutrina havia se antecipado aos tempos, e que se iniciaria a irrupção de conquistas intelectuais que passariam a corroborar os seus princípios fundamentais.
A experiência de Eben Alexander — neurocirugião americano que vivenciou experiência de quase morte —, as revelações de James Redfield — com suas visões, contidas em seu livro A Profecia Celestina —, e as canalizações de Kryon, por Lee Carrol —, são apenas alguns dos milhares exemplos de que as verdades estão se espalhando entre os homens.
A comunicabilidade com os espíritos e a reencarnação hoje são temas frequentes na literatura, no cinema e nas novelas de TV, pelo interesse e pela aceitação das pessoas. Quem se aventuraria a prever que o passe espírita, que era confundido com benzedura ou fruto de algum sincretismo religioso ou superstição, adentrasse universidades, hospitais e clínicas de saúde e passasse a ser aplicado abertamente, com autorização dos corpos clínicos?
O nosso velho conhecido perispírito — descrito nas obras espíritas — hoje é aceito por muitos terapeutas do mundo inteiro, que reconheceram a existência de um campo imperceptível aos órgãos dos sentidos, ao redor do corpo físico.
E o que falar dos depoimentos de médicos, enfermeiros e familiares, a respeito de pessoas que morrem e depois voltam para contar sua história¸ nos fenômenos chamados de EQM – Experiência de Quase Morte?
O que diríamos então de contar com o estudo das vidas passadas para curar as doenças de agora?
Tive que me render à profecia de Léon Denis, quando se expressou em sua notável obra No Invisível:
As religiões do futuro terão por fundamento a comunhão dos vivos e dos mortos, o ensino mútuo de duas humanidades.
Lembremo-nos das judiciosas expressões do Professor Hermínio Miranda[2]:
— Quando abrimos hoje revistas, jornais e livros sintonizados com as mais avançadas pesquisas e damos com o nome de importantes cientistas examinando a sério a doutrina palingenésica ou a existência de vida inteligente fora da Terra, somos tomados por um legítimo sentimento de segurança e de crescente respeito pelos postulados da doutrina que os Espíritos vieram trazer-nos.
O Espiritismo, além de revelar-se, nestes quase dois séculos, inexpugável em suas posições, está tendo, a cada dia que passa, a confirmação científica de seus princípios fundamentais.
[1] A Gênese, de Allan Kardec.
[2] Texto: A Obra de Kardec e Kardec diante da Obra, de Hermínio Miranda.