Ao receber ajuda espiritual, você faz a sua parte?

O livro Missionário da Luz, ditado pelo espírito André Luiz à Francisco Cândido Xavier, trata da ação intercessória dos Benfeitores Espirituais junto aos encarnados, descrevendo também os mecanismos da reencarnação, do planejamento à ligação ao novo corpo físico.

Queremos destacar, neste breve ensaio, as atividades desenvolvidas nas câmaras de passes de um Centro Espírita, e que estão descritas no capítulo dezenove.

André Luiz transmite, em primeiro lugar, a identidade dos Benfeitores Espirituais envolvidos no trabalho de passes por ele acompanhado:

“O trabalho era atendido por seis entidades, envoltas em túnicas muito alvas, como enfermeiros vigilantes. […] são técnicos em auxílio magnético que comparecem aqui para a dispensação de passes de socorro.”

Em seguida, André Luiz descreve quatro exemplos de socorro, que resumimos:

Primeiro caso:

“- Vejamos esta irmã, observe-lhe o coração e, principalmente, a válvula mitral. […] descobri a existência de tenuíssima nuvem negra, que cobria grande extensão da zona indicada, interessando ainda a válvula aórtica e lançando filamentos quase imperceptíveis sobre o nódulo sino-auricular.

– Assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual pode absorver elementos de degradação que lhe corroem os centros de força, com reflexos sobre as células materiais. Se a mente da criatura encarnada ainda não atingiu a disciplina das emoções, se alimenta paixões que a desarmonizam com a realidade, pode, a qualquer momento, intoxicar-se com as emissões mentais daqueles com quem convive e que se encontrem no mesmo estado de desequilíbrio.”

“E porque, segundo avaliação do Benfeitor responsável pelo trabalho, aquela irmã estava…”

“…procurando a verdade, cheia de sincera confiança em Jesus. Ovelha fustigada pela tempestade do mundo e inexperiente na esfera do conhecimento, volta-se para o Divino Pastor, como a criança frágil, sequiosa do carinho materno”,

foi socorrida.

Segundo caso:

Postávamo-nos, agora, ao lado de um cavalheiro idoso.

Com assombro, notei-lhe o fígado profundamente alterado. Outra nuvem, igualmente muito escura, cobria grande parte do Órgão, compelindo-o a estranhos desequilíbrios.

…toda perturbação mental é ascendente de graves processos patológicos. Afligir a mente é alterar as funções do corpo. Por isso, qualquer inquietação intima chama-se desarmonia e as perturbações orgânicas chamam-se enfermidades.

E porque detinha valores positivos, e estava determinado, com sinceridade, a aprender a dominar-se a si mesmo, foi socorrido.

Terceiro caso:

…nos encontramos diante de uma senhora grávida, em sérias condições de enfraquecimento.

– Aqui temos uma irmã altamente necessitada de nossos recursos fluídicos. Profunda anemia invade-lhe o organismo. Em regime de subalimentação, em virtude das dificuldades naturais que a rodeiam de longo tempo, a gravidez constitui para ela um processo, francamente, doloroso. O marido é parcamente remunerado e a esposa é obrigada a vigílias, noite adentro, a fim de auxiliá-lo na manutenção do lar. A prece, porém, não representa para este coração materno tão-somente um refúgio. A par de consolações espontâneas, ela recolhe forças magnéticas de substancial expressão que a sustentam no presente drama biológico.

E porque

“…na luta titânica em que se empenha consigo mesmo, a vontade firme de acertar é a sua âncora de salvação”,

foi socorrida em suas necessidades.

O quarto caso é muito significativo, por se tratar de “décima vez”.

“Trata-se do nosso conhecido, que apresenta graves perturbações no baço. Extremamente surpreendido, acompanhei Anacleto, que se dirigiu para um dos recantos da sala. À nossa frente estava um cavalheiro idoso, que o orientador examinou com atenção. Por minha vez, observei-lhe o fígado e o baço, que acusavam enorme desequilíbrio.

– Lastimável! — exclamou o chefe do auxílio, depois de longa perquirição. – Entretanto, apenas poderemos aliviá-lo.

Agora, após dez vezes de socorro completo, é preciso deixa-lo entregue a si mesmo, até que adote nova resolução.

…não deve alijar a carga de forças destruidoras que o nosso rebelde amigo acumulou para si mesmo. Nossa missão é de amparar os que erraram, e não de fortalecer os erros.

… Nosso esforço é também educativo e não podemos desconsiderar a dor que instrui e ajuda a transformar o homem para o bem.

…Há pessoas que procuram o sofrimento, a perturbação, o desequilíbrio, e é razoável que sejam punidas pelas consequências de seus próprios atos.

Quando encontramos enfermos dessa condição, salvamo-los dos fluidos deletérios em que se envolvem por deliberação própria, por dez vezes consecutivas, a título de benemerência espiritual.

Todavia, se as dez oportunidades voam sem proveito para os interessados, temos instruções superiores para entregá-los a sua própria obra, a fim de que aprendam consigo mesmos. Poderemos aliviá-los, mas nunca libertá-los.

…este homem, não obstante simpatizar com as nossas atividades espiritualizantes, é portador dum temperamento menos simpático, por, extremamente, caprichoso. Estima as rixas frequentes, as discussões apaixonadas, o império de seus pontos de vista. Não se acautela contra o ato de encolerizar-se e desperta, incessantemente, a cólera e a mágoa dos que lhe desfrutam a companhia.

…buscamos orientá-lo no serviço do amor cristão, chamando-lhe a consciência à prática de obrigações necessárias ao seu próprio bem-estar.

O infeliz, porém, não nos ouve. Adquire ódios com facilidade temível e não percebe a perigosa posição em que se confina. Frequenta-nos há pouco mais de três meses e, durante esse tempo, já lhe fizemos as dez operações de socorro magnético integral, alijando-lhe as cargas malignas, não só dos pensamentos de angústia e represália que ele provoca nos outros, mas também dos pensamentos cruéis que fabrica para si. Agora, temos de interromper o serviço de libertação, por algum tempo. A sós com a sua experiência forte, aprenderá lições novas e ganhará muitos valores. Mais tarde, receberá, de novo, o socorro completo.

Os quatro casos apresentados pelo Benfeitor André Luiz são explicativos por si mesmos, e devemos estudar todo o capítulo do livro, meditando, detidamente, sobre o assunto, para compreendermos, com profundidade, o mecanismo divino no que tange ao auxílio espiritual que todos nós buscamos em nossas dores.

O trabalho dos Benfeitores Espirituais obedece, integralmente, a Lei de Amor que também tem, como tarefa, educar os filhos de Deus. Eles, os Benfeitores Espirituais estão, diuturnamente, fazendo a parte deles, e nós, estamos fazendo a nossa?

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Nota do Autor:
Grifos e trechos em destaque são do autor.

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em < https://osegredo.com.br/2016/09/o-amor-em-uma-prece/>. Acesso em 22NOV2016.