Difícil É Começar
- Colunas
- 10/11/2020
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Sidney Fernandes
Começar! Por fraqueza, medo do desconhecido ou por indolência, tendemos a adiar indefinidamente atividades que, a princípio, não nos agradam. Basta lembrarmo-nos da resistência que opomos para reorganizar o mobiliário de uma casa, ordenar uma estante de livros ou simplesmente arrumar uma gaveta.
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No início foi uma calamidade! Carolina encarou a gravidez precoce da filha Cássia, de 17 anos, como um verdadeiro desastre. Essa resistência, no entanto, durou pouco. Uma semana depois já estava levando Cássia a ginecologista de sua confiança, começando a comprar as roupinhas da futura neta e a entusiasmar-se com a nova situação.
Tassinha trouxe alegria e entusiasmo para a casa de Carolina, tornando-se, desde que nasceu, o centro das atenções. Uma bênção na vida de todos. Mal sabia Carolina que a maturidade do seu comportamento, recheado de amor e compreensão, iria lhe trazer, no futuro, generosos dividendos.
Trinta anos mais tarde, quando a sua máquina física começou a claudicar e apresentar os primeiros sinais de enfraquecimento, foram os cuidados da Doutora Tássia, a querida neta que fora concebida prematuramente, que minimizaram as dores da sua velhice e a confortaram financeiramente, no ocaso da existência.
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Quando nos dispomos a fazer o bem, no princípio a gente trabalha em favor do próximo porque quer receber benefícios. A velha história de quem dá aos pobres, empresta a Deus. É a primeira etapa.
Na segunda etapa a gente trabalha por consciência de dever. As pessoas sentem que precisam fazer algo em favor do próximo.
E finalmente, a última etapa é da vocação de servir.
Tomamos gosto pelo bem. Encontramos a nossa alegria na alegria dos outros e damos os primeiros passos no caminho da felicidade. Passamos a fazer bem por amor.
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Nas situações que apresentamos, os indesejáveis começos evoluíram para o amor por um bebê e pelo semelhante. Repito aqui as palavras de minha querida avó Duzolina:
— Comer e coçar, é só começar, ou, com o andar da carroça as abóboras vão se ajeitando.
Encerro com as sábias palavras de Richard Simonetti:
— No começo é assim mesmo. Comecemos por aí. Não faz mal que estejamos fazendo o bem por interesse. Um dia acabaremos fazendo por consciência de dever e, lá adiante, acabaremos fazendo por amor.