Em defesa da Moral, da Família e dos Bons Costumes

Chamou-me a atenção os vídeos cuidadosamente elaborados para a divulgação de material puritano e hipócrita em defesa da “moral e dos bons costumes” que enxameiam as redes sociais de alguns anos para cá.

Assisti a um punhado deles. Entendo que existe um conservadorismo exagerado e hipócrita na nossa sociedade. Assistem televisão e a vídeos eróticos com os filhos para, em seguida, manifestar na rede social sua indignação com tamanha imoralidade das pessoas. Um exemplo que repercutiu foi a peça de teatro que apresenta atores nus num museu que eles provavelmente nunca assistirão e tampouco levarão seus filhos.

O mundo sempre foi assim: têm coisas aproveitáveis que me convêm, outras, não. Eu posso escolher.

Trata-se de comportamento muito comum quando o assunto é sexualidade, até mesmo de líderes religiosos, como assevera o espírito Emmanuel, no notável livro “Vida e Sexo”:

“Temendo as manifestações do amor e bastas vezes condenando indebitamente os companheiros da Humanidade, pelo fato de se acomodarem a uniões respeitáveis e dignas, na generalidade receiam a si próprios e censuram os semelhantes, no impulso inconsciente de lhes copiar a independência e a conduta. Daí surgem os incidentes menos felizes quantas vezes! – em que vemos expositores ardentes e apaixonados, dessa ou daquela ideia religiosa, tombando em experiências emotivas, muito mais complicadas e deploráveis do que aquelas outras que eles próprios reprovavam no caminho e na vida dos companheiros.” (1)

Na questão 841 de O Livro dos Espíritos encontramos:

“Se alguma coisa se pode impor, é o bem e a fraternidade. Mas não cremos que o melhor meio de fazê-los admitidos seja obrar com violência. A convicção não se impõe.”

Observamos a violência com que, muitas vezes, tentam impor um tipo de pensamento às pessoas por meio de posts e vídeos que condenam ideias e comportamentos com os quais supostamente discordam.

Vejamos a questão 842:

– Por que indícios se poderá reconhecer, entre todas as doutrinas que alimentam a pretensão de ser a expressão única da verdade, a que tem o direito de se apresentar como tal?

“Será aquela que mais homens de bem e menos hipócritas fizer, isto é, pela prática da lei de amor na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação. Esse o sinal por que reconhecereis que uma doutrina é boa, visto que toda doutrina que tiver por efeito semear a desunião e estabelecer uma linha de separação entre os filhos de Deus não pode deixar de ser falsa e perniciosa.”

Creio que esse ensinamento possa ser estendido para essa onda de preconceito e moralismo hipócrita que temos visto nas redes sociais, como facebook, X (twitter) e whatssap, que estimulam a divisão e a discórdia entre todos que pensam de forma diferente.

Ah!, isso vale também para política, religião, time de futebol, preconceitos de toda ordem como orientação sexual, cor de pele, nordestinos etc.

Fernando Rossit

(1) Vida e Sexo, Cap. 25.