Equílibrio por Fora, Loucura por Dentro – Sidney Fernandes – 1a. parte

EQUILÍBRIO POR FORA, LOUCURA POR DENTRO

Sidney Fernandes

1948@uol.com.br

 

PRIMEIRA PARTE

 

Quando fugimos de aprender e servir, em proveito próprio, estamos, sem perceber, sob a hipnose da obsessão oculta, carregando equilíbrio por fora e loucura por dentro.

 

Este é o texto de Emmanuel, que dá título a este artigo. Atrevo-me a correlacioná-lo com uma das expressões mais fortes de Jesus, quando, dirigindo-se a escribas e fariseus, chamou-os de hipócritas e semelhantes a sepulcros caiados, pois que exteriormente pareciam justos e por dentro estavam cheios de iniquidades.

Em versão sertanejo-brasileira, essas advertências poderiam ser assim sintetizadas:

Tem gente que é assim: por fora, bela viola, mas, por dentro, pão bolorento.

Será mesmo que ainda existem pessoas assim, formosas na aparência e cheias de ossos e imundícia em seus gestos, atitudes e palavras?

Infelizmente, amigo leitor, é o que mais existe neste mundo de expiações e provas. E o pior: em muitos dos nossos mais comezinhos gestos, ainda que já estejamos contemplados pelos ensinamentos do Cristo e bafejados pela filosofia espírita, assumimos, sem querer, ou sem perceber, atitudes aparentemente inocentes, até mesmo educadas, porém carregadas de indolência e hipocrisia.

Quer ver?

Do artigo A teoria e a prática, de Richard Simonetti, retirei alguns trechos da narrativa de Custódio, que realizava, ao lado da esposa e dois amigos, uma reunião em sua casa. Falavam sobre temas doutrinários, principalmente os relacionados com o bem do próximo, atitudes perante a vida, os momentos e os locais em que a caridade deve ser exercida.

Ao final da conversa, Custódio relembrou a recomendação de Santo Agostinho de perguntarmos a nós mesmos, ao fim do dia:

Há alguma coisa que eu tenha feito, no dia de hoje, da qual eu tenha que me envergonhar?

Naquela noite, o próprio Custódio, ao fazer suas orações, em sua conversa com o travesseiro, fez a avaliação do seu dia, analisando cuidadosamente o seu comportamento. Depois de aprovar-se na maioria dos tópicos, teve uma surpresa ao verificar seu comportamento nas últimas duas horas.

Constatou que, na frutífera conversa a respeito da caridade, havia se utilizado dos préstimos da sua diligente esposa nada menos do que cinco vezes, em encargos que, rigorosamente, seriam de sua responsabilidade.

Honestamente, concluiu:  em termos de caridade, havia, teoricamente, pensado muito nos próximos mais distantes, esquecendo-se da próxima mais próxima: sua esposa.

Por comodismo ou indolência, havia teorizado. Esquecera-se, contudo, da prática. Custódio, como sói acontecer com a maioria de nós, havia se preocupado muito mais em receber, do que, propriamente, em dar.

***

Entendo, amigo leitor, que deslizes como este são sérios indicativos de que precisamos passar por um balanço em nossas conquistas pessoais, semelhante ao que André Luiz recomenda, em psicografia de Waldo Vieira, que abaixo transcrevo, resumidamente.

Partindo do princípio de que espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário, convém, para nossa própria segurança emocional e espiritual, efetuarmos um reexame periódico em nosso comportamento pessoal.

CONTINUA NA SEGUNDA PARTE

FONTES CONSULTADAS

1 – A teoria e a prática – Richard Simonetti

2 – Seguir em paz – editorial Momento Espírita de Dezembro/2016

3 – Examinemos a nós mesmos – André Luiz – Waldo Vieira

4 – Jesus, Kardec e Nós – Emmanuel, Francisco Cândido Xavier