Equilíbrio por Fora, Loucura por Dentro – Sidney Fernandes – 2a. parte (final)
- Colunas
- 27/07/2018
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EQUILÍBRIO POR FORA, LOUCURA POR DENTRO
Sidney Fernandes
SEGUNDA PARTE – final
Devo me perguntar, de tempos em tempos:
— De três anos para cá estou mais calmo, mais afável e compreensivo?
— Tenho melhor clima de paz dentro de casa?
— Estou colaborando com mais entusiasmo quando sou convidado ao trabalho em favor do próximo?
— Trago o Evangelho mais vivo em minhas atitudes?
— Surpreendo-me com mais disposição de servir voluntariamente?
— Noto que estou mais livre do anseio de influência e de posses terrestres?
— E no relacionamento social, profissional e familiar? Percebo que estou usando mais os pronomes possessivos nós, nosso e nossa? E falando menos as palavras eu, meu e minha?
— E quanto aos instantes de tristeza e cólera? Estão mais raros?
— Os remorsos diminuíram?
— Ainda tenho desafetos, adversários ou inimigos?
— E com relação aos meus antigos lapsos de desatenção e negligência? Estão sendo evitados? Estou mais atencioso, mesmo com pessoas mais pobres, humildes e subordinadas?
— Passei a estudar regularmente a Doutrina Espírita?
— E a dor? Hoje eu a entendo melhor, do que três anos atrás?
— Ainda tenho alguma secreta desavença ou já aprendi que de nada adianta tomar o veneno do ressentimento, na esperança de que meu desafeto sofra as consequências?
— Estou mais desperto para as dores dos que me circundam ou a minha unha encravada ainda é mais importante do que o câncer do vizinho?
— Tenho orado realmente? Ou só murmuro, entre dormindo e acordado, algumas palavras decoradas?
— Meus ideais evoluíram ou ainda estou cultivando as sandices da minha juventude?
— E a minha fé, como está? Já creio realmente ou ainda condiciono minha confiança em Deus a promessas e negociações?
— Minha fala está mais indulgente?
— Meus braços estão mais ativos?
— Minhas mãos mais abençoadas?
— Estou mais ativo, alegre e feliz nestes três últimos anos?
***
— Quando devo realizar esse balanço?
Santo Agostinho sugere, na questão 919 de O Livro dos Espíritos, que esse reexame deva ser feito toda noite.
André Luiz recomenda que o seja o mais breve possível, enquanto estamos encarnados e ainda podemos desfazer enganos até com certa facilidade. Alerta-nos que do lado de lá será mais difícil.
Sem prejuízo dessas recomendações, proponho que neste Natal lembremo-nos mais do aniversariante e das dificuldades por que passou.
E do gesto de desprendimento e amor à humanidade que Jesus teve ao se dispor a encarnar junto de homens que, salvo raras exceções, não tinham a menor condição de assimilar a sublime, revolucionária e futurística mensagem de que era portador.
E esses desavisados — que sem sombra de dúvida éramos nós mesmos — continuam ostentando a pecha de sepulcros caiados, não obstante mais de dois mil anos transcorridos.
Que tal incluirmos, neste Natal, como fazem os irmãos americanos do norte, uma resolução de ano novo que perdure por muitos anos novos e nos vacine contra a teoria sem prática que ainda persiste em nossa conduta?
Entendo que esse é o mínimo que devemos fazer, como criaturas que, infelizmente, ainda portamos aparente equilíbrio por fora e muita loucura embolorada por dentro.
Um Natal mais puro, branco e sincero, para todos nós!
FONTES CONSULTADAS
1 – A teoria e a prática – Richard Simonetti
2 – Seguir em paz – editorial Momento Espírita de Dezembro/2016
3 – Examinemos a nós mesmos – André Luiz – Waldo Vieira
4 – Jesus, Kardec e Nós – Emmanuel, Francisco Cândido Xavier
Originally posted 2016-12-21 09:16:14.