Instrumentos de Boa Vontade

Sidney Fernandes

PARTE 2 – final

Narra o conferencista e escritor Mário Sérgio Cortella, em uma de suas palestras, uma lição inesquecível de seu pai, que era gerente de banco e precisava visitar seus clientes de jipe, por estradas empoeiradas, em dias muito quentes:

Ele chegava em casa no fim da tarde acabado, cansado, com poeira para todo lado. Qual era a primeira coisa que ele falava quando chegava em casa? Em vez de ele xingar, praguejar ou maldizer a vida, ele dizia, tirando um sorriso grande:

“— Filho, olha como eu sou abençoado. Hoje quebrou o jipe na estrada e não estava chovendo. ”

— De uma outra vez ele disse:

“— Olha como Deus é bom comigo. Hoje acabou a gasolina do jipe e só faltavam dois quilômetros para um posto de gasolina. ”

— O que ele nos ensinou? Não foi fingir que a realidade não tinha problema. Não foi autoengano de olhar em volta e alienar-se das dificuldades. Foi não ser derrotado pelas dificuldades. Já bastava a encrenca da falta de combustível para ele ainda ter esmagado a esperança. Já bastava a dificuldade com a quebra do motor do jipe para ele ser derrotado uma segunda vez.

Miremo-nos no exemplo dessa criatura que não se preocupava somente com ela mesma e sim também com as pessoas que estavam à sua volta, oferecendo-lhes um gesto de alegria, de solidariedade, de esperança ou de empatia. Pessoas com esse comportamento são expressivos personagens, que, durante suas profícuas vidas, coparticipam da imensa tarefa de consolo, como verdadeiros representantes da bondade suprema na Terra.

 

Sidney Fernandes (1948@uol.com.br) nasceu em Bauru, em 1948. Gerente do Banco do Brasil e Empresário, hoje está aposentado e se dedica integralmente à veiculação do Espiritismo. Participou ativamente da Mocidade Espírita até integrar-se ao Centro Espírita Amor e Caridade de Bauru (SP). Escritor e orador profere palestras em várias cidades brasileiras.