Medo – Inimigo Invisível

Sidney Fernandes   14-99772-5892

E, tendo medo, escondi na terra o teu talento… Mateus, 25:25

Assim como aconteceu com o servo da parábola, nossos passos de agora estão revestidos de temor, pois a situação vivida não é exatamente a que almejávamos. Da mesma forma, por mais rude que seja o momento atual, a pior maneira de enfrentá-lo será o temor generalizado.

No entanto, como falar em benemerência quando todos estamos nos sentindo impotentes e inseguros?

A humanidade já vivenciou inúmeros momentos dolorosos. Um dos mais icônicos foi a condução de Jesus ao madeiro infame, seguida da defecção dos discípulos e dos martírios dos seus seguidores. Mesmo assim, horas antes da suprema agonia, o Mestre, antevendo a dor e o desapontamento que se seguiriam, com vigorosa serenidade assim se pronunciou:

… a vossa tristeza se converterá em alegria. João, 16:20

A grandiosidade do Cristo vislumbrou, naquela bagagem de sofrimentos, a construção de fortes alicerces para uma nova vida, repleta de paz e alegria para a humanidade.

Isso significa que devemos, resignadamente, suportar os embates dos tempos atuais, conformando-nos com uma vida futura, na espiritualidade maior? Também isso.

Acima de tudo, porém, nas proféticas palavras de Jesus, devemos reconhecer que o momento delicado e doloroso por que passa a humanidade surgiu como adubo divino, para que ressurjam os bons sentimentos.

A autêntica alegria cristã não compactuará com os desmandos da inconsciência, vigorosamente defendidos por aqueles que se distanciaram da justiça divina. Ela surgirá com a conscientização das criaturas de que a dor surge quando falha o sentimento.

O triste quadro social que, infelizmente, começa a tomar corpo no mundo, em proporções epidêmicas, principalmente nos grupamentos distantes da espiritualidade e do trabalho edificante, reflete o modelo de vida daqueles que estão procurando a felicidade no lugar errado.

Encerremos com uma curiosa história de Humberto de Campos, que nos mostra como o medo pode modificar até uma guerra.

Reunidas em Pirajá, as tropas brasileiras desenvolviam daí, em 1822, o cerco do general Madeira, encurralado na Bahia com o restante das forças portuguesas. A 8 de dezembro, Madeira lança um contingente de 2.000 homens contra a ala direita dos sitiantes, levando-os de roldão.

Chegam reforços de parte a parte, e os lusitanos vão triunfar, quando o coronel brasileiro Barros Falcão, prevendo a derrota e querendo salvar o resto dos seus homens, ordena ao clarim Luiz Lopes, português de nascimento, mas que abraçara, aí, a causa da independência:

— Toca “retirar!”

O soldado leva o clarim à boca e o toque que se ouve é:

— “Avançar, cavalaria!”

E logo outro:

— “Degolar!”

Apavorados com o que ouviam, os portugueses, quase vitoriosos, recuam, os brasileiros ganham ânimo e avançam de novo. Estava ganha a batalha.

Sem a presença do Cristo em nossas vidas, seremos frágeis criaturas, expostas aos desenganos e aos sofrimentos reparadores. Útil seria, para a proteção de nossa vulnerabilidade física e espiritual, que considerássemos o planeta como uma imensa escola de trabalho, pois ainda somos seres necessitados de aprimoramento e iluminação.

Referências: A Presença de Deus, de Richard Simonetti; Caminho, Verdade e Vida, de Emmanuel; Pontos e Contos, de Irmão X; Fonte Viva, de Emmanuel; O Brasil Anedótico, de Humberto de Campos.