Meio Bem

Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br

Certa ocasião, depois de submeter-me a passe magnético com excelente passista, diante do bem-estar que ele me proporcionou, agradeci e elogiei sua brilhante faculdade.

— Nem sempre foi assim — disse-me o passista, humildemente. Eu era fumante e gostava de beber socialmente. Embora nos dias em que aplicava os passes eu me abstivesse, percebi que os fluidos revestiam-se de emanações etílicas, de tabaco e nicotina, que atingiam meus assistidos. Provavelmente, dava trabalho aos mentores espirituais, que precisavam filtrá-los, para não atingir o sistema nervoso de meus receptores. No entanto, utilizavam-se de meus préstimos, à falta de melhor instrumento.

— Pensou em desistir de sua tarefa? — perguntei.

— Jamais! Sempre tive consciência de que a alta carga de magnetismo de que sou portador é um investimento da espiritualidade e que poderá ser retirada a qualquer momento, se eu não utilizá-la corretamente.

— Conscientizei-me de que eu estava transmitindo uma espécie de meio-bem. Luzes misturadas com trevas. Tomei, então, uma decisão radical, a fim de limpar meus fluidos, e afastei-me totalmente da bebida e do cigarro. Hoje, felizmente, a situação é bem diferente, a ponto de sensibilizar meus receptores com energias doces e brandas, como aconteceu com você. Tenho, todavia, consciência, de que o bem vem dos espíritos, a quem devo todos os méritos de minhas curas.

Abracei o fiel e consciente trabalhador da seara bendita, certo de que estava diante de autêntico representante da confiança e da tranquilidade.

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André Luiz nos traz situação bem parecida, quando Letícia, mãe de Gotuzo, médico em serviço na espiritualidade, a ele se dirigiu:

Gotuzo, meu filho, serei breve. Como conduzirá doentes à cura, se prossegue magoado com aqueles que o feriram aparentemente? Como dará lições de bom ânimo aos tristes, se se demora tanto tempo na ilusão do desalento? Abra o entendimento à passagem das bênçãos divinas!

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Entendo, amigo leitor, que a lição que aprendemos com o passista do início deste texto, e as observações da mãe do médico Gotuzo, registradas por André Luiz, sirvam-nos de aviso para a nossa rotina de vida.

Se queremos efetivamente enveredar pelo caminho da benemerência, temos que aprender a cortar as raízes com o mal que ainda teima em permanecer em nossa personalidade.

Temos que aprender a fazer o bem sem exigências, privilégios, cobranças ou expectativa de gratidão.

Fiquemos com as sábias palavras de Emmanuel, para nossa reflexão:

— Estrada construída pela metade patrocina acidentes. Víboras penetram em casa, varando brechas. O bem pede doação total para que se realize no mundo o bem de todos. É por isso que a Doutrina Espírita nos esclarece que o bem deve ser praticado com absoluto desinteresse e infatigável devotamento, sem que nos seja lícito, em se tratando de nossa pessoa, reclamar bem algum.

 

Fontes: Obreiros da Vida Eterna, André Luiz; O Livro da Esperança, Emmanuel.